Existe um setor de centro-esquerda que briga mais com a esquerda radical do que com a direita. E alenta a ideia de uma "frente democrática" que, embora lhe seja cômodo social, política e economicamente, não é real, não funciona (segue).
O tal do "Centro" é a centro-direita e algo até mais à direita. Mas ele prefere se chamar só de "Centro" para enganar incautos e bobinhos, e deixar a marca da "direita" só para a extrema-direita, que curte a ideia.
Mas há quem esteja na Direita e seja contra Bolsonaro. Mas está contra por duas únicas questões: (1) Bolsonaro sacou que não precisa dividir tanto assim o poder para fazer um governo como o dele, o que exclui muita gente; (2) Questões culturais e comportamentais.
Quando eu falo em questões comportamentais, eu não estou dizendo que não seja importante, mas que liberais à direita e à esquerda só pensam nisso não como universalidade, mas como privilégio de classe e até de raça.
Grande parte da direita rebelada, isso inclui MBL e quetais, só o é porque não tem e não terá espaço no executivo.
Já o "Centro" discorda de algo mais do que filigranas e participação, mas ele concorda com a austeridade econômica e o que é mais importante: o modelo e o sistema econômico.
Seja o MBL ou o Maia, eles estão em desvantagem em relação a Bolsonaro porque acreditam na possibilidade dessa política econômica sem essa política mais geral. E o próprio Guedes que eles empoderam diz que não.
A centro-esquerda se engana e/ou engana com a ideia de uma frente democrática ampla, porque precisa acreditar que esses rachas à direita são mais do que fatos episódicos ou pessoais. Mas seria muito conveniente pra ela que fosse, pelo comodismo nas relações sociais e políticas.
Os sindicatos caíram nessa ilusão já bem antes e explodiram. A centro-esquerda está acreditando que fazer um jogo institucional com a direita não-bolsonarista é caminho, mas esquece de combinar com os russos.
Enfim, quando o pragmatismo é muito, ele desanda para um idealismo atroz, e ainda entrega o comando da luta para arrivistas de toda ordem, que sempre vão se inclinar para o lado mais forte e poderoso.
Hoje, eu vi manifestações surreais sobre a nomeação de Regina Duarte para a Cultura. E nem para disfarçar, ela continua falando em combate a marxismo cultural etc. E vem gente pedir ponderação.
Enfim, organizar os trabalhadores e atuar junto com o povo ninguém quer.
