Sou jornalista de formação e defendo com unhas e dentes a liberdade de imprensa. Mas essa história da (não) confirmação do teste positivo do presidente Bolsonaro ajuda a mostrar algumas lacunas graves do jornalismo profissional. +
É possível que o próprio filho do presidente tenha confirmado a informação do primeiro teste positivo à rede ianque Fox News. Mas o que veio à tona com o JN, principal telejornal do Brasil, é uma prova de como o jornalismo profissional está negligenciado a apuração. +
Sempre que posso, reforço a relevância da apuração, que é um dos principais diferenciais de um jornalismo bem feito. Pois bem, tanto a Fox News como a Rede Globo de televisão citaram o nome de um suposto assessor sem confirmar que ele, de fato, existe e, mais, exerce tal função.+
Até o momento, a única 'checagem' feita foi de um outro site (conhecido por seu conteúdo editorializado/'interessado', não raro distanciado de devidos cuidados jornalísticos). Apenas cruzaram o nome com a lista de funcionários do gabinete do filho do presidente. +
Insisto: a existência/legitimidade do tal 'assessor' não foi profundamente checada poe nenhum veículo profissional que está repetindo o seu nome, a não ser esse cruzamento superficial com o pessoal do gabinete. É inconcebível que tenha se dado tanta projeção a uma 'fonte' assim +
Qdo o jornalismo profissional global cita um pretenso assessor (que tudo indica q não existe como tal nem ocupa tal posto a 'ele' atribuído) e não se mostra capaz de checar melhor a legitimidade básica de uma 'fonte', fica fácil entender porque se tornou uma 'vidraça' tão exposta
Cqd. A imprensa comercial e profissional, ao abdicar de uma de suas principais atribuições que é a checagem, abre um enorme caminho para a sua própria deslegitimação. 
