Thread by @grisagregorio

FIO

Duas diferenciações se fazem necessárias em nossos dias: uma é política e a outra de postura dos agentes públicos. Nessa thread, busco distinguir o bolsonarismo das demais forças políticas, fugindo de vez das falsas simetrias. Segue aqui para entender o raciocínio. >>

1 - A política
Ao dizer que o bolsonarismo representa uma bizarrice política e cultural muitos arregimentam o argumento “e o PT”. Assim como dito na eleição, as dimensões são diferentes. Governar em coalizão produz erros e acertos, isso ocorreu com o PMDB, o PSDB e com o PT. +

Errar planos econômicos é parte da complexa gestão do Estado, assim como acertar. As crises econômicas são multicausais, não se devem apenas a ações dos governos locais. Várias crises ocorreram da Constituição Federal para cá, em diferentes composições políticas na gestão. +

Com o bolsonarismo a dimensão é outra, não está mais se divergindo dentro de parâmetros democráticos, a política não é mais uma arena em que adversários travam debatem os melhores caminhos. O bolsonarismo é inimigo da democracia, das instituições. Tem saudades do autoritarismo. +

O bolsonarismo é adepto da necropolítica, defina por Achille Mbembe como aquela que adota o uso ilegítimo da força, o extermínio, a política de inimizade. Que se divide entre amigo e inimigo além do discurso, que materializa a morte do inimigo e da democracia por dentro. +

A candidatura de Bolsonaro constituiu uma alternativa não ao político tradicional, ao "PT", mas ao sistema constitucional, à própria democracia. Pela conjunção de fatores como moralismo, ódio, despolitização, crise, descrença e desesperança ela se tornou viável, infelizmente. +

Escolher qualquer outro candidato (Marina, Dias, Alckmin, Meirelles, Ciro, Haddad) era optar por projetos diferentes para o país, dentro de um patamar mínimo de razoabilidade, de respeito ao ordenamento político estabelecido que vinha se aprimorando desde 1988. +

Bolsonaro não, se chancelou com sua eleição o inominável do ponto de vista da postura, da liturgia, da responsabilidade. O caso do coronavírus ilustra o quão fora do admissível está o bolsonarismo que prefere colocar vidas em risco em nome de suas estultices ideológicas. +

2ª diferenciação – a de postura

Essa diferenciação é bem mais simples, pode ser feita se usando o exemplo de membros do governo ou mesmo de políticos que apoiam Bolsonaro que estão tendo postura condicente com seus cargos e com os protocolos, muito diferente do presidente. +

O ministro da saúde vem tendo uma postura profissional adequada a grandeza do cargo que ocupa. Note, apesar de minhas profunda divergências políticas com Mandetta, não tenho nenhum problema em reconhecer sua postura madura e republicana diante da crise sanitária que vivemos. +

Outro exemplo é do governador de Goiás, Ronaldo Caiado com quem divirjo em tudo. Seu reacionarismo se aliou ao bolsonarismo na trincheira política, mas mesmo ele foi ofendido quando tentava explicar o quão irresponsável eram as aglomerações em tempos de pandemia. +

Essa diferença de postura dentro do campo político do presidente é muito importante. A dos mencionados é passível de reconhecimento e garante o convívio, a decência. A postura de Bolsonaro (seus filhos e ministros c/ o da educação) é impeditiva de qualquer harmonia/ respeito.+

As diferenciações políticas e de posturas feitas aqui estão relacionadas, são parte dos mesmos fenômenos sociais. É importante entendê-las para não se tomar os comentários como defesa de x ou y, ou “perseguição” simplória ao atual governo. Já estamos em tempos de exceção. Fim.

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Travam debates* sobre* os melhores caminhos.

Link para o texto completo aqui: link.medium.com/5qLSkQKnU4

Condizente**