MGTOW quer dizer Men Going Their Own Way, em português "Homens Seguindo Seu Próprio Caminho". Se dizem uma "filosofia de vida", não uma ideologia ou um grupo. Também não quer dizer apenas não casar ou ter filhos, eles compartilham alguns valores
Diferente dos incels, que discutimos ontem, MGTOWs dizem que poderiam ter relacionamentos amorosos com mulheres, porém não desejam porque não é vantajoso para homens. Dai vem a ideia de "seguir o próprio caminho".
Mas o que seria desvantajoso para homens?
Bom, essa é a parte misógina dessa "filosofia de vida". A ideia de que é desvantajoso porque o mundo seria regido por "uma ordem ginocêntrica", onde mulheres controlam leis e o judiciário, prejudicando homens e os emasculando.
Como outras facções da machosfera, eles compartilham o mesmo dialeto e as mesmas ideias misóginas centrais da "red pill philosophy" (filosofia de Pílula Vermelha), a referência a Matrix que todas as facções da machosfera fazem para indicar uma "tomada de consciência".
A "ordem ginocêntrica" é uma clara inversão dos estudos das Ciências Sociais, e Humanas como um todo, que a partir da abordagem de gênero, explicam como muitas dessas instituições foram criadas e existem até hoje como forma de controle de mulheres e seus corpos.
Mas não é só isso na filosofia MGTOW que não corresponde ao que é enunciado. Uma pesquisa recente conduzida por Wright e Jones mostrou que esse caminho próprio seguido não é assim tão separatista quanto eles dizem ser.
Dos posts em fóruns MGTOWs analisados pelos autores, 33% deles eram centrados em mulheres. Desses 33%, 59% mencionava mulheres direta ou indiretamente.
Porém, a estatística mais problemática é que a maioria desses posts (61%) tinham conteúdo extremamente misógino.
Como MGTOWs acreditam na "ordem ginocêntrica do mundo", que afetaria os valores morais dominantes, eles acreditam ter que adotar uma nova filosofia que não seja subordinada a esse moinho de vento transformado em gigante. Dai a ideia de "filosofia de vida" que compartilha valores
Mas essa "filosofia de vida" que estão criando, longe de ser uma simples ideia separatista, como eles afirmam ser, vem se mostrando, na realidade, a construção de um imaginário misógino violento na internet.
Então é a hora de falar da célula do KKK brasileira, aquela que apareceu colocando propagandas em Niterói em 2015
O primeiro indício de células da KKK no Brasil nos anos 2000 ocorreu em 2003, quando o dono do site “Imperial Klans do Brasil” foi detido. O site foi fechado e grande quantidade de material supremacista branco foi apreendido na casa do dono do site.
Ele alegava representar o Klan no Brasil, junto com outras três pessoas. Além disso, também contava com membros e apoiadores em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/f…
Bora falar então dos seguidores de Evola contemporâneos e acabar com essa bad trip que é o Tradicionalismo
Os evolitas brasileiros contemporâneos pesquisados geralmente se aproximaram do pensamento do autor a partir de interesses no que chamam de “ocultismo”, com interesses que variam entre budismo, hinduísmo, maçonaria e outros “conhecimento milenares”, como chamam.
Eles compartilham da ideia do autor de que a “nossa era é uma era de decadência” e os pontos positivos de Evola, para eles, seria a retomada positiva de uma ortodoxia do budismo.
Então vamos continuar falando sobre o Evola e seu pensamento. Vamos explorar a questão dos yugas e das castas do pensamento antiliberal, anticomunista e fascista do autor italiano
Evola advoga pela existência de um "mundo metafísico superior", isso junto com uma grande valorização de hierarquias e cultura hindu, levou Evola a apoiar sistemas de castas. Inclusive uma concepção do tempo como dividida em castas, ou Yugas
O primeiro Yuga é a Era de Ouro, Satya Yuga, governada pela "casta superior" de sacerdotes. A partir da “degenerações”, como chama Evola, a Era de Ouro dá lugar a outras Yugas.
Então hoje vamos falar de um dos principais autores que a galera próxima do tradicionalismo gosta de ler: Julius Evola
Evola já apareceu aqui outras vezes, ele é bastante lido por diversos grupos de extrema direita, de integralistas a neonazistas revisionistas.
Julius Evola foi um autor e filósofo esotérico italiano do século XX, grande admirador de Mussolini e, ao mesmo tempo, crítico do regime fascista por este “não ser de direita o suficiente”
Bora falar então dos três porquinhos do Tradicionalismo: Bannon, Dugin e Olavo de Carvalho.
Vamos ver da onde surgiu as ideias desse guru do Bolsonaro e seus colegas
Bannon, ex-estrategista de campanha de Donald Trump, concedeu entrevistas a Teitelbaum. Nelas, ao abordar o Tradicionalismo, Bannon contou como descobriu o Tradicionalismo numa viagem para o Oriente e demonstrou bastante conhecimento sobre pensamentos de Guénon e Evola.
Apesar de não podermos chamar Bannon de tradicionalista, pelas ideias conflitantes entre Tradicionalismo e políticas populistas de extrema direita, é notório que essas ideias influenciaram o estrategista