Bom dia! Como estão aproveitando aquela semana que dura apenas 1 dia? Onde todo dia é o dia seguinte do natal e o dia anterior ao ano novo? Espero que bem, sem aglomerações
Aproveitando essa fenda no espaço-tempo, vamos continuar a conversa sobre a machosfera? Hoje, sobre os PUA
PUA são os "Pick Up Artist", ou artistas da cantada, uma facção da machosfera que se diz especialista na sedução.
Diferente do que o nome sugere, porém, eles não entendem a sedução bem como uma arte, mas sim como uma técnica que pode ser aprendida e universalmente aplicada.
Eles se organizam em fóruns, blogs, canais de YouTube e Podcasts todos dedicados a examinar essas técnicas. Grandes nomes do PUA escrevem livros e até vendem cursos.
Segundo eles, essas técnicas são todas baseadas em questões "científicas de como funciona a atração feminina".
Baseando muito na leitura rasa que a machosfera tem da psicologia evolucionista, tentando estabelecer verdades universais baseadas em supostas "leis evidentes" da evolução humana. Com isso, reduzem mulheres a sua capacidade reprodutiva e homogeneízam a experiência feminina.
Vamos examinar algumas dessas técnicas? Primeiro, a técnica do "negging", que consiste em elogiar sabotando a autoestima da mulher. É baseado na ideia de que não se deve "aumentar o valor de mercado" da mulher elogiando de verdade, pois dificultaria a sedução
Um exemplo de "negging" seria "você é até que bonita para uma mulher alta".
A seguir temos uma imagem de livro de PUA em inglês que ensina algumas técnicas de negging.
Além do negging, outra tática é o "stop". Consiste em interromper o caminho de uma mulher, parando em frente a ela e dizer alguma frase absurda para iniciar o diálogo, por exemplo "você parece que acabou de assaltar um banco".
Percebe-se que as táticas de PUA consistem basicamente em deixar mulheres em posições desconfortáveis. Seja a tática do negging ou a do stop.
Uma questão curiosa dos PUA é que pouco de seu material fala sobre o ato sexual em si. Ou quando fala, trata quase que com irrelevância
O que levou as autoras Dayter e Rudiger a cunhar o "manbragging" (ato masculino de se gabar). Entendendo que a questão dos PUA não é conseguir transar, mas sim se gabar.
Os livros e cursos não ensinam propriamente a sedução, mas sim a linguagem técnica dos PUA
Ou seja, como dar um determinado "framming" a sua história que seja interessante aos PUA. Os homens adeptos do PUA são ensinados uma determinada linguagem "técnica" para descrever seus encontros amorosos nos grupos.
Parte dessa linguagem técnica vem diretamente do dialeto da machosfera que já discutimos previamente.
Além dessa linguagem técnica, podemos entender que parte da graça do PUA não é o sexo em si, que é dada pouca atenção, mas sim a se gabar online com grupo de amigos. Um determinado PUA em um podcast diz que aborda de 25-30 mulheres por semana, com uma "taxa de sucesso" de 70%.
É impossível verificar a veracidade desse relato, mas isso daria aproximadamente 3 encontros amorosos por dia em uma semana.
Além de cursos de sedução, talvez devessem vender cura de problemas de ereção.
Mas a veracidade não é importa, talvez parte da graça disso seja contar que aborda esse número de mulheres com essa "taxa de sucesso", para contar vantagem.
O problema dos PUA, no entanto, não contar vantagem, o que, apesar de machista, é bem comum.
Mas sim que funcionam como captação de novos homens para machosfera, introduzindo eles no dialeto da machosfera e tendo um fluxo considerável com criadores de conteúdo MGTOW.
Além disso, umas das técnicas ensinadas é a "técnica para persuadir desistências de último minuto".
TW: Abuso sexual
Essas técnicas consistem em ensinar pressões psicológicas para convencer mulheres que disseram não quando já estavam prestes a realizar o ato sexual, convencendo-as a partir dessas pressões a realizar.
Mais do que um grupo de autoajuda machista, os PUA servem como captadores de novos homens para machosfera e algumas de suas técnicas podem ser usadas para abuso sexual.
Sedução não é técnica e não existe regra universal sobre mulheres, essa por si já é uma ideia machista
Referenciados no fio:
Manbragging online: Self-praise on pick-up artists’ forums - Sofia Rüdiger e DariaDayter sciencedirect.com/science/articl…
Então é a hora de falar da célula do KKK brasileira, aquela que apareceu colocando propagandas em Niterói em 2015
O primeiro indício de células da KKK no Brasil nos anos 2000 ocorreu em 2003, quando o dono do site “Imperial Klans do Brasil” foi detido. O site foi fechado e grande quantidade de material supremacista branco foi apreendido na casa do dono do site.
Ele alegava representar o Klan no Brasil, junto com outras três pessoas. Além disso, também contava com membros e apoiadores em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/f…
Bora falar então dos seguidores de Evola contemporâneos e acabar com essa bad trip que é o Tradicionalismo
Os evolitas brasileiros contemporâneos pesquisados geralmente se aproximaram do pensamento do autor a partir de interesses no que chamam de “ocultismo”, com interesses que variam entre budismo, hinduísmo, maçonaria e outros “conhecimento milenares”, como chamam.
Eles compartilham da ideia do autor de que a “nossa era é uma era de decadência” e os pontos positivos de Evola, para eles, seria a retomada positiva de uma ortodoxia do budismo.
Então vamos continuar falando sobre o Evola e seu pensamento. Vamos explorar a questão dos yugas e das castas do pensamento antiliberal, anticomunista e fascista do autor italiano
Evola advoga pela existência de um "mundo metafísico superior", isso junto com uma grande valorização de hierarquias e cultura hindu, levou Evola a apoiar sistemas de castas. Inclusive uma concepção do tempo como dividida em castas, ou Yugas
O primeiro Yuga é a Era de Ouro, Satya Yuga, governada pela "casta superior" de sacerdotes. A partir da “degenerações”, como chama Evola, a Era de Ouro dá lugar a outras Yugas.
Então hoje vamos falar de um dos principais autores que a galera próxima do tradicionalismo gosta de ler: Julius Evola
Evola já apareceu aqui outras vezes, ele é bastante lido por diversos grupos de extrema direita, de integralistas a neonazistas revisionistas.
Julius Evola foi um autor e filósofo esotérico italiano do século XX, grande admirador de Mussolini e, ao mesmo tempo, crítico do regime fascista por este “não ser de direita o suficiente”
Bora falar então dos três porquinhos do Tradicionalismo: Bannon, Dugin e Olavo de Carvalho.
Vamos ver da onde surgiu as ideias desse guru do Bolsonaro e seus colegas
Bannon, ex-estrategista de campanha de Donald Trump, concedeu entrevistas a Teitelbaum. Nelas, ao abordar o Tradicionalismo, Bannon contou como descobriu o Tradicionalismo numa viagem para o Oriente e demonstrou bastante conhecimento sobre pensamentos de Guénon e Evola.
Apesar de não podermos chamar Bannon de tradicionalista, pelas ideias conflitantes entre Tradicionalismo e políticas populistas de extrema direita, é notório que essas ideias influenciaram o estrategista