Como já irritamos um trumpista hoje, vamos continuar irritando até ele ver o Trump chorando ao vivo?

Seguimos no GamerGate!
Ontem falamos muito sobre como homens e meninos gamers se ressentem com a representação feminina ou LGBT em jogos e como isso se tornou uma onda de assédio virtual.

Hoje vamos questionar o porquê desse ressentimento. É verdade que o meio da tecnologia é inerentemente masculino?
Todd Cherie, fazendo comentários sobre o Gamer Gate, fala sobre como o pensamento corrente de que a indústria de games é feita para homens vem do mito do homem individualista, agressivo e competitivo. Pensamento extremamente útil para subcultura nerd/gamer masculina.
Com isso, a indústria seria um reflexo dos homens que a compõe (individualista, agressiva e competitiva) e um ambiente inóspito para mulheres (tidas como sensíveis).

Mas essa ideia não se sustenta.
A primeira pessoa a desenvolver um algoritmo de computador foi Ada Byron. O primeiro computador digital totalmente eletrônico também é fruto do trabalho de seis mulheres matemáticas, a primeira linguagem de programação próxima da língua inglesa feito por Grace Hopper.
A situação não é diferente no Brasil. Edith Ranzini e outras 3 mulheres colaboraram para o desenvolvimento do primeiro computador brasileiro. Além disso, a primeira turma de Ciências da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP era composta por 70% de mulheres
A situação, porém foi invertida e em 2016 esse número despencou para pouco mais de 15%.

Percebemos que não é uma indústria inerentemente masculina, mas uma indústria masculinizada, como explica Salter.
Essa masculinização da indústria afetou a subjetividade dos homens inseridos no meio, que entenderam sua paixão por tecnologia como uma parte de sua identidade masculina.
Como coloca Shaw, percebe-se que a questão da identidade dos personagens enquanto homens brancos heterossexuais e cisgêneros se torna, então, uma comunidade imaterial para esses jogadores, que ali se reconhecem.
Quando eles sentem essa comunidade imaterial atacada, eles reagem. Assim temos diversas ondas de assédio a mulheres, negros, LGBTs e outras minorias em meio gamer.
Moral da história:

DEIXA AS MENINA BRINCA
Opa, esquecemos de por as referências.
Salter, Michael. "From geek masculinity to Gamergate: the technological rationality of online abuse." Crime, Media, Culture 14.2 (2018): 247-264. Disponível em: journals.sagepub.com/doi/full/10.11…
Todd, Cherie. "Commentary: GamerGate and resistance to the diversification of gaming culture." Women's Studies Journal 29.1 (2015): 64. Disponível em: wsanz.org.nz/journal/docs/W…
Shaw, Adriana. Jogos digitais, identidade e identificação
não-masculina/não-heterossexual. (tradução)
scielo.br/scielo.php?pid…

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