As pessoas tem me perguntado se o acordo com o BTG foi bom ou não, afinal tem gente que diz que foi bom e outros dizem que não, se foi bom porque as ações estão caindo e etc etc....
Vou tentar ajudá-los com a minha opinião.
Segue... (1/n)
Pra começar: Não posso olhar esse acordo com um único ponto de vista, seria um grande erro.
Resumo: O acordo foi FUNDAMENTAL pra sustentabilidade da empresa, mas do ponto de vista de valuation, foi fraco. E a Oi vendeu um grande percentual do ativo que tem o maior potencial.
O que isso tem a ver com a queda das ações? NADA, ao menos do ponto de vista dos fundamentos. Com a consolidação da venda de ativos, a Oi vale em 2021 uns 3,00 por ação, vejo isso como consenso entre casas de research, gestores e eu me incluo nesse racional.
Em outras palavras: A Oi vale 3,00 com o que já tem na mesa, sem considerar sua evolução nos próximos anos. Portanto essa queda nas ações eu não consigo ver fundamento. Na verdade o fundamento de curto prazo até melhorou, pois o acordo representa uma garantia a mais no processo.
Porque o acordo é fundamental pra Oi? Porque traz um grupo empresarial de grande porte, grande articulação e experiência comprovada para BANCAR um projeto de expansão de 20 BILHÕES em 4 anos. A Oi não tem estrutura de capital pra tocar um projeto desses sozinha.
O acordo portanto cria uma ENORME avenida de crescimento para os próximos anos: InfraCo e ClientCo passam a ter sólidas perspectivas de crescerem, de serem dominantes no mercado de infraestrutura/atacado e varejo.
O acordo com o BTG ajuda a eliminar muitas incertezas sobre a sustentabilidade da empresa, garante uma expansão efetiva e um equacionamento de toda a dívida existente da empresa, de sua estrutura de capital. Portanto é um acordo que gera valor. É algo que tinha que acontecer.
Então qual é a parte ruim dessa história? A parte ruim é que, apesar de ser fundamental na estratégia de longo prazo da Oi, o acordo em si teve duas, digamos, "frustrações": InfraCo foi avaliada muito abaixo do que realmente vale e a Oi está vendendo uma fatia muito grande.
1) Valuation fraco: Os 20bi de "Enterprise Value" da InfraCo tem data base de 31/12/2021, então o único indicador de geração de caixa que faz sentido pra mim é o projetado, ou seja, o EBITDA de 2022, que segundo o laudo econômico da Ernest Young o valor é de 2,1bi.
Então na perspectiva de valuation por múltiplo EV/EBITDA a InfraCo está sendo negociada a uns 9,5xEBITDA, muito abaixo de uma média de 15x que é o que tem saído nas negociações recentes. Esse é o motivo de o relatório recente do BTG (research) afirmar que a fatia que fica...
...com a Oi após o deal, vale mais do que o que está na mesa agora. Em outras palavras: aparentemente o BTG está pagando barato pelo negócio. Digo "aparentemente" porque é uma análise comparativa de múltiplos, não há detalhes de toda a negociação pra sermos mais assertivos.
2) Vendeu uma grande fatia: Pra explicar esse segundo ponto de "frustração", vou voltar ao laudo da Ernerst Young: esse mesmo laudo projeta que InfraCo estará gerando 6bi de EBITDA em 2026. Se aplicarmos o mútiplo mais justo de 15x temos um EV de 90 bilhões em 2026.
Ou seja, InfraCo tem chances de quase que quadruplicar de valor nos próximos anos, e a Oi terá "apenas" 42% disso. Em outras palavras, a Oi tá embolsando um dinheiro no presente e dando um ativo que pode quadruplicar de valor no futuro.
Então com isso eu expliquei as frustrações.
Voltando para a tese de investimento: O que significam essas "frustrações" pra mim? De início eu confesso que fiquei um pouco abatido, um pouco pensativo, mas hoje eu encaro as coisas com bastante otimismo. A Oi continua oferendo um upside potencial muito bom!
Talvez não seja mais aquele foguete que eu imaginava, que bateria 10,00 por ação em 2024/2025 como sempre indaguei aqui. Mas sabe aquela frase "mas vale um pássaro na mão do que dois voando"? Então, o cenário que vejo agora é de upside potencial que ainda é expressivo.
Eu continuo vendo por exemplo possibilidades de 6,00 ou até 8,00 por ação a depender de como as coisas evoluirem. Vou dar mais um exemplo: O mesmo laudo da EY projeta a ClientCo com 3,4bi EBITDA em 2026. Se colocarmos um múltiplo modesto de 6x temos um EV de 20bi.
20bi de EV ClientCo + 42% de 90bi (EV InfraCo) = 58bi. Ai o X da questão será a dívida líquida de ambas a empresas, mas veja que, com ~6bi ações, temos um valuation muito atrativo no futuro.
Então resumindo: pra mim ainda tem um foguete que vai decolar no seu devido tempo, mas talvez não vá tão alto quanto imaginei, porém vai chegar no que considero como retorno esperado e o caminho a ser trilhado será muito mais seguro com o BTG junto.
Lembrando que ainda temos o leilão, então podem haver surpresas. O que aparentemente afastou a competição pelo ativo foi: 1) No Brasil, suponho que falta de bolso adequado, afinal quem além de um grande grupo como o BTG pra bancar um projeto desse tamanho.
2) No exterior, pode ter pesado a questão regulatória, amarrações dos ativos de fibra com a concessão de telefonia fixa, algo que recentemente já andou melhorando com o regulamento recente da Anatel formalizando que a reversibilidade é apenas de posse e que todo grupo...
...econômico acaba sendo responsável pelos bens reversíveis. Eu torço para que ainda tenhamos um "plus" durante o leilão.
Outro ponto importante que considero como investidor: É bem provável que a InfraCo abra capital mais pra frente e eu pretendo entrar diretamente nela.
Ou seja, eu posso surfar toda a reestruturação da Oi agora, saída da RJ, valorização expressiva considerando que está muito barata hoje. E no futuro realoco parte do capital direto na InfraCo. A ClientCo também pode surpreender muito ainda, logo farei um post focado nela.
Por fim, a cotação, essa danada. Eu penso o seguinte: quem puxa preço mesmo são os fundos e ai eu os classificaria assim: 1) Fundos mais arrojados: já compraram e/ou estão comprando. 2) Fundos com apetite "padrão": estão aguardando as últimas incertezas irem embora.
3) Fundos conservadores (ex: fundos de pensão): só vão entrar depois que sair da recuperação judicial. 4) Fundos passivos: entram depois da RJ e entrada da Oi no Ibovespa e outros indices. 5) Fundos "especulativos": estão vendendo agora.
Eu vou continuar, e comprando!!
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
#FIIs RECAPITULANDO OBJETIVOS E ESTRATÉGIAS
Conforme os meses vão passando e o meu aprendizado (teórico e prático) evolui, começo a desenvolver meu próprio método de investimento, algo mais alinhado à minha rotina e expectativas. É chegada a hora de compartilhar. Segue (1/n):
=== OBJETIVOS 1) Renda passiva: ter um patrimônio trabalhando pra mim, gerando renda e me exigindo relativamente pouco esforço na administração. Renda para ter independência, usufruir a vida, ter segurança, estabilidade, previsibilidade e uma futura aposentadoria.
2) FIIs é a resposta que encontrei para: previsibilidade, recorrência, baixa volatilidade e rendimentos atrativos para a finalidade de renda passiva. São os elementos que na minha opinião destacam os FIIs sobre outras opções como por exemplo empresas que pagam bons dividendos.
#FIIs Tenho só 1 ano estudando FIIs e trago uma pergunta sincera e curiosa a vocês:
Como observo os FOFs e fundos de CRI gerando rendimentos acima da média, eu poderia ter uma carteira somente deles (ex: 5 FOFs e 5 FIIs de CRI). Quais seriam os riscos/desvantagens? Continuo (1/n)
1) O argumento da "dupla taxa" de adm e performance não me parece um problema, dado que os rendimentos até então mostrados são líquidos desses fatores. 2) Com 10 ou + FIIs eu teria uma diversificação razoável de gestores, mitigando o risco de emissões mal sucedidas/abaixo do VP.
3) Os FOFs investem grande parte do patrimônio em FIIs de tijolo, então essa carteira teria uma exposição razoável a ativos sólidos mais associados a valorização patrimonial (terrenos, localização, qualidade construtiva)
#OIBR3 OI E BTG
Ainda estou digerindo os dados da negociação divulgados e buscando respostas com o RI, fora que o projeto detalhado da InfraCo (investimentos, contratos com a ClientCo) ainda não é público. Mas gostaria de ressaltar alguns pontos.
Segue (1/n):
1) Posso não ter gostado de alguns itens da negociação, enquanto outros me geram dúvidas, mas isso não pode se confundir com a minha visão da tese de investimento. Veja bem, sou acionista desde 2019 e trabalho na área de Telecom, já vi muita coisa nesse período, altos e baixos.
2) Após um longo período de reestruturação, agora que a Oi tem na mesa um negócio firme, vinculante, amplamente negociado e acordado com o BTG, os últimos muros que a empresa tem pra vencer são duas grandes aprovações regulatórias (CADE e Anatel, da Móvel e da InfraCo).
Em agradecimento e respeito a meu grande amigo de jornada na Oi, trago uma réplica aos seus pontos, acreditando ser útil para o bom debate. Ressalto que ainda estou confiante de que a Oi trará uma apresentação mais completa ressaltando toda a potencial geração de valor. Segue 1/n
1 - 20bi é ~10x EBITDA anual projetado da InfraCo em 2022. Muito baixo, metade do que vimos em transações recentes com negócios de potencial até menor. Pra mim, é como se a Oi "postergasse" o valuation para o leilão, assumindo que novos players vão olhar para o edital e, assim...
...como estou observando aqui, irão identificar que o valuation está baixo. O acordo com o BTG, mais do que valuation, foi muito importante para traçar o gigantesco projeto de vários anos e o BTG se estrurou melhor pra isso. Nada melhor que um leilão competitivo agora, espero.
Não é uma análise trivial, a Oi fará uma audio conferência amanhã para explicar os detalhes.
Minha primeira impressão é um misto de satisfação e preocupação. Satisfação pois é um projeto de infraestrutura.. (1/n)
...monumental e é fundamental que a Oi tenha um sócio nessa empreitada.
A preocupação está no fato de que, nos termos fechados, há uma grande diluição da Oi no capital da InfraCo. Como é uma oferta que servirá de base para o leilão, a InfraCo continuou avaliada perto do mínimo.
Então pro negócio fazer sentido, ao menos na minha opinião de agora, a Oi precisa receber novas propostas no leilão. A impressão é que o valor da InfraCo forçosamente ficou baixo sabendo-se que vem competição pela frente. Vou aguardar os próximos passos para emitir nova opinião.
#OIBR3 4T20
Um resumo do que entendi até agora: é bom ver a Oi tendo lucro líquido no trimestre, mas cumpre-me ressaltar que esse lucro não tem relação com o operacional, trata-se de lançamento contábil não recorrente, aparentemente um reflexo dos lucros contábeis futuros...(1/n)
...que já são previstos como resultado das vendas de ativos. Também contribuiu para o lucro uma redução das despesas financeiras pela queda do dólar naquele trimestre. A Oi ainda é muito impactada (positiva ou negativamente) pela variação cambial. no 4T20 o impacto foi positivo..
...mas no 1T21 provavelmente será negativo e eu penso que uma melhora consistente de fato só virá com a redução brusca da dívida, algo que já deve ser endereçado após a conclusão da venda de ativos. Enquanto isso, me resta torcer para o cenário macro contribuir para a queda do...