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Ale Santos @Savagefiction
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Os danos psicológicos produzidos pelo racismo no povo preto são extremamente poderosos. Muitos são levados para a auto destruição silenciosa de forma desesperada e outros literalmente acabam com sua vida, essa thread é sobre a trágica história de Ota Benga.
Ota nasceu entre os Mbuti ou Bambuti, um grupo de caçadores-coletores que viveram nos lugares remotos da floresta de Ituri na África, onde hoje é o Congo. Você provavelmente conhece esse povo pelo nome Pigmeu, famigerados por ter uma estatura pequena
Para os estrangeiros a floresta de Ituri parece bem tenebrosa, mas para os Mbuti ela era sagrada. Eles se reconhecem como os “filhos da floresta”, existem várias explicações para o fato do tamanho desse povo, nenhuma conclusiva.
Em 1904, um grupo de Mbuti foi sequestrado da floresta e levado para os EUA. Isso aconteceu após a Force Publique (do Leopoldo) atacar sua região. Ota Benga estava no grupo que acabou atravessando o atlântico como escravo.
Era um costume dos supremacistas da época a exibição de negros em zoológicos humanos, dessa maneira aquele homem Mbuti/Pigmeu que perdeu mulher e filho acabou se tornando uma atração na mostra antropológica da Louisiana Purchase Exposition por dois anos
twitter.com/i/moments/1017…
Em 1906 Ota começou a ser exposto na casa dos macacos do Zoológico de Bronx. Seu tamanho, 1,5 metros, facilitava a comparação com os primatas e ajudava alguns dos piores homens da história a promoverem a sádica ciência racial que estava sendo desenvolvida na época
No Bronx o pigmeu viveu em uma gaiola de Chimpanzé acompanhado por um orangotango chamado Dohang que ele deveria carregar para todo o lado
Como nos EUA as Igrejas Negras já estava se tornando influentes elas lideraram protestos e pressões em jornais para impedir tal atrocidade
O Minneapolis Journal publicou uma fotografia de Benga segurando um macaco e afirmou: "Ele está prestes a se aproximar do elo perdido como nenhuma outra espécie humana já encontrada".
Seus dentes foram limpados para ganharem uma forma pontiaguda e aproximar ele do conceito de besta que a ciência racial queria construir para os negros.
Liderados pelo reverendo James Gordon, alguns pastores formaram uma comitiva para tentar se comunicar com Ota. Frustrados, apenas conseguiram ler a tristeza na face do pequeno homem. Achamos que somos dignos de ser considerados seres humanos, com almas ”. - disseram ao jornal.
Enquanto isso os americanos brancos defendiam a exibição como uma forma educacional de mostrar as diferenças raciais. Colocá-lo em exposição no zoológico promoveria os mais altos ideais da civilização moderna, como eles a idealizaram.
Muito tempo depois, um rico nova-iorquino branco que era empático com a causa negra financiou o processo dos líderes negros nos tribunais. Jornais Afro-americanos entraram com uma forte pressão contra a prefeitura e o Zoológico.
Benga também passou a recusar de forma violenta as apresentações. Quando tentavam devolvê-lo à gaiola, ele mordia, chutava e lutava para libertar-se. Em pelo menos uma ocasião, ele ameaçou os guardas com uma faca.
Ao final de 1906 Ota Benga foi libertado, foi tudo feito de forma silenciosa. Se dirigiu a um tipo de orfanato para pessoas negras. Em 1910 acontece uma tentativa de integrá-lo à sociedade na Virgínia. Aprendeu inglês, passou a trabalhar e a sonhar com o retorno à África
Em 1914 estourou a primeira Guerra Mundial, impedindo o sonho de Ota. Ele caiu em uma depressão e em 1916 ascendeu uma fogueira, dançou de forma triste durante a noite, então se dirigiu a um galpão velho pegou uma arma disparou uma única bala em seu próprio coração.
Assista esse documentário para conhecer mais -
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