Thread fera do Emicida. Eu tô lendo um livro nessa pegada e mais tarde volto pra acrescentar nesse tweet
Vamos lá... O livro ao que me refiro é o "o progressista de ontem e o do amanhã" do Mark Lilla. Leiam esse parágrafo e vejam se não tem a ver com o momento atual da nossa esquerda (lembrando que liberais no sentido americano são os progressistas aqui) 
O livro é curtinho, mas é uma tese interessante de auto-crítica democrata (ou seja da esquerda) após a eleição do Trump. O ponto central é a teoria de que a esquerda mergulhou demais em políticas identitárias (isolacionistas) que tiraram ela do contato direto com a base popular
Essa tese também faz sentido aqui não só pelo isolamento da esquerda numa câmara de eco que traz desconexão com o povo que ela diz representar mas também porque o foco disso são conquistas simbólicas ao invés de uma mudança institucional permanente e presença nestas instituições
No Brasil observamos os dois erros intensamente especialmente nestas eleições. A crítica sobre o distanciamento com o povo era perceptível já na derrota na prefeitura de SP em 2016. Os espaços perdidos foram tomados pela religião, que agora surge com força no cenário político
Também é visível que apesar dos anos de predominância da esquerda através do PT no cenário nacional, nunca houve projeto de fortalecimento consistente no legislativo, o que desemboca nos escândalos de corrupção pelo controle do mesmo e na facilidade de se perder esse espaço
Enfim, o livro é sobre o cenário americano, mas esses são dois pontos válidos para qualquer autocrítica da esquerda nacional. Outra coisa interessante é que ele reimagina o governo Reagan como um movimento anti-político, na esteira do que pregava sobre estado mínimo
Nesse aspecto o conservadorismo que trouxe se insere na visão de "dar um novo rumo" à população. Um prospecto que tem paralelos com a nossa eleição, tanto no líder das pesquisas quanto na falha da esquerda em dar esperanças no projeto de governo
Esse prospecto pode ser bem assustador no sentido de que se a eleição do Bolso equivaler a um momento Reagan estamos de frente a 20 ou 30 anos de um projeto que vai se centrar em temas conservadores. Ou pode ser um momento Trump (de fim desse ciclo pelo exagero do seu modelo)
O livrinho é esse aqui
