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Adoro a história das armas, sou fascinado pela técnica envolvida na fabricação e no uso das armas. Não tenho medo delas. Mas não quero ter uma arma e nem me sentiria mais seguro portando uma. Mas a discussão não é sobre as minhas impressões, é sobre a vida em sociedade.
No Brasil se aceitou esse mito de que os EUA são uma sociedade segura por seu aceso, cada vez menos limitado, a um arsenal bélico. Bobagem. Nossa taxa de homicídios atual tem mais a ver com o fato de sermos um país latino americano subdesenvolvido com metrópoles em expansão.
E nossa discussão de política de segurança pública fica cada vez mais infantilizada (muh snipers), tendendo a tratar zonas urbanas como áreas de guerra - o que invariavelmente coloca seus habitantes na condição de moradores de um território inimigo.
"Matar bandido" é o que as forças de segurança pública no Brasil fazem desde que isso aqui existe. Esse discurso infantil e seus bordões (faca na caveira, cancelar CPF, etc) são bastante acessíveis, úteis para fazer carreiras políticas meteóricas (na ascensão quanto na queda).
A coisa anda tão surreal que controlar o tráfico de armas (principalmente as de alto calibre) virou uma agenda de políticos progressistas, assim como as denúncias de que muitos dos envolvidos nesse tipo de delito são parte das forças de segurança ou egressos dela.
Quando as forças de segurança fuzilam por engano um trabalhador ou uma criança vira apenas um dano colateral inevitável numa política de segurança pública que trata o combate à criminalidade como guerra.
Sem contar as inúmeras tentativas de abutres em tentar manipular a opinião pública inventando que os mortos nessas ações seriam "bandidos".
O decreto de hoje pode ser apenas mais um passo, pequeno ainda, numa caminhada tenebrosa que já se arrasta há décadas. Todo brasileiro já teve uma experiência horrível envolvendo violência urbana e, no horizonte próximo, nada promete mudança.
