,
8 tweets,
2 min read
Read on Twitter
O Oscar de melhor filme ao "Green Book" gerou uma porradaria generalizada nas mídias sociais anglófonas -- e, pelo que vejo, um pouco também no Brasil. Vejo uma confusão entre dois assuntos diferentes: o filme e o prêmio.
Uma vertente das críticas reclama que "Green Book" é um filme sobre o branco, e que o negro acaba dependendo dele o tempo todo. Bem, é isso mesmo. O personagem central é o branco e como ele lida com seu preconceito. Mahershala Ali ganhou o Oscar de coadjuvante.
O filme me pareceu uma história sobre como um branco racista teve que lidar com seu preconceito por conta da relação com um negro que, por fim, o inspirava. É um enredo sobre empatia, e não um tratado histórico sobre o racismo nos EUA.
Pra mim, um filme desses terá muito mais impacto num branco de 18 anos que nunca se debruçou sobre o tema, e que não sabe o quanto é racista involuntariamente, do que todos os textões lacradores de redes sociais juntos chamando o filme de racista.
Se isso não é importante, realmente não sei mais o que é. DIgo sempre que os movimentos identitários têm 100% de razão em conteúdo, mas é comum errarem na forma, na comunicação. A polêmica em torno disso é mais um capítulo.
A partir daí a imprensa americana foi inundada com uma caça às bruxas. "A produção do filme é toda masculina e branca", e por aí vai. Sério: parece que não aprendemos nada depois de Trump e Bolsonaro nadarem de braçada no rebote desse discurso.
Agora, outra coisa, e que é bem importante, é o Oscar só premiar filmes que tratam a questão racial dessa forma. Aí pra mim é claro um cenário branco fazendo branquice. Mas a mesma imprensa que incensa uma irreal importância do Oscar é a mesma que com ele se decepciona.
E tudo nessa discussão é reflexo de certo moralismo modernoso que trata tudo como "certo" e "errado". Há filmes "bons" e "certos" e os outros devem ser combatidos. E, como disse um amigo, cada vez mais, também, feito pelas pessoas certas, beatificadas, que não erram.
