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Das críticas ao bolsogoverno, certamente uma das mais fracas é sobre ele dar muito espaço aos seus filhos. Essa crítica nasce de um formalismo exagerado que é típico de brasileiro: presumir que a presidência pode ser exercida como um emprego como qualquer outro.
Qualquer atividade social minimamente complexa exige uma teia de relações sociais de confiança. No campo da política, essa rede de contatos é a própria natureza do jogo: você precisa de uma ampla rede de aliados para avaliar o fluxo de informações e administrar as tensões.
Ninguém soube ao poder isoladamente, como quem passa em um concurso público (sem falar que, mesmo em concursos, como se vê na carreira acadêmica, muitas vezes a aprovação não é tão individual assim). Antes do líder ser eleito, ele é o líder informal de um movimento.
O núcleo desse movimento sempre terá uma tensão natural: por um lado, cada membro quer que o movimento vença; por outro, cada membro também quer ganhar mais destaque na própria tribo. Há um equilíbrio entre competição e colaboração.
Embora seja obviamente imoral oferecer cargos públicos para amigos e parentes, é inevitável que todo núcleo de poder seja formado por... amigos e parentes. Esse é um ponto onde a realidade universal da prática política entra em conflito com nossas expectativas republicanas.
Exemplos óbvios: Bush, Clinton, Le Pen, etc. Em todo país, por mais desenvolvido que seja, há algum grau de dinastias políticas. É parte da natureza humana.
Embora a monarquia seja um fenômeno político, as dinastias políticas são um fenômeno sociológico. É um efeito da existência de famílias: as pessoas transmitem para os filhos DNA, propriedades, habilidades e.... rede de contatos.
(Obviamente, além do formalismo, outro problema é a velha má vontade. As pessoas ficam muito tempo nas redes procurando motivo para ter raiva dos adversários políticos. Façam como eu: postei isso e sai correndo.)
