Thread by @menezes_barboza

O debate econômico tem frisado a importância da volta da confiança para a recuperação do PIB do Brasil.

Minha impressão é que falta número e análise empírica para embasar esse discurso (pelo menos da forma como o tema vem sendo abordado).

Segue a thread...

O discurso da volta da confiança teve início na época do impeachment da @dilmabr. Depois, ganhou força com a agenda de política econômica do @MichelTemer. Por fim, explodiu na eleição do @jairbolsonaro.

Precisávamos recuperar a confiança para o Brasil voltar a crescer!

Mas a verdade é que a volta da confiança aconteceu em alguma magnitude. Pode não ter sido como a gente gostaria (por exemplo, a Reforma da Previdência ainda não passou), mas os dados deixam muito claro que a confiança aumentou muito nos seus mais diversos aspectos.

1- o índice de confiança do consumidor (FGV) aumentou 41% desde dezembro de 2015 (quando Eduardo Cunha aceitou o impeachment da Dilma).

2- o índice de confiança da indústria (FGV) aumentou 27% de dezembro de 2015 até março de 2019.

3- o índice de confiança do setor de serviços (FGV) aumentou 36% de dezembro de 2015 até março de 2019.

4- o índice de confiança do setor de construção (FGV) aumentou 18% de dezembro de 2015 até março de 2019.

5- o índice de confiança do comércio (FGV) aumentou 47% de dezembro de 2015 até março de 2019.

6- o prêmio de risco país, medido pelo CDS, caiu 65% entre dezembro de 2015 e março de 2019 (de 487,81 pontos-base para 164,67 pontos-base).

7- a estrutura a termo da taxa de juros diminuiu consideravelmente desde dezembro de 2015. A taxa do overnight caiu de 14,1% para 6,4%, enquanto o Pré-DI de 1080 dias caiu de 16,4% para 7,8%.

Se é verdade que "a confiança é a forma mais barata de estímulo econômico", como disse certa vez Larry Summers (da Universidade de Harvard), é difícil negar que esse estímulo anda meio capenga.

Mas a verdade é que o crescimento ainda não veio!

A recuperação econômica atual é a mais lenta dentre todas as recessões datadas pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE). Nosso PIB está hoje ainda 5% abaixo do pico pré-crise (ver gráfico).

Ou a confiança não entregou o que prometeu, ou a confiança não tem a importância que o discurso sugere ou choques adversos ocorreram.

O debate deve continuar, mas meu ceticismo com o argumento, preciso admitir, é cada dia maior! Precisamos de mais evidência e menos discurso..