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⚽️FUTEBOL E DITADURA🚫👉🏽 🇧🇷🇦🇷

O último🎙Na Bancada📡 é tão urgente que insistimos que vc bote pra tocar aí e faça circular.
Em forma de fio, eis aqui um programa do programa, uma podthread, um resumão ilustrado. Só vem:

OUVE👉🏽👂🏽🎧tinyurl.com/y5c8vlzz

SEGUE👇🏽👀📒
1- Partimos de uma simples pergunta:

Por que no Brasil os clubes de futebol não se manifestam contra a ditadura, como na Argentina?
2- No dia 24 de março, cumpriu-se 43 anos do golpe militar na Argentina. Todos os clubes argentinos manifestaram seu repúdio à ditadura. Mas tipo assim: TODOS! Desde Boca e River até Aldosivi, Sacachispas, todos! Não conseguimos apurar nenhuma exceção.
3- Alguns clubes foram além e fizeram ações institucionais. No Rosario Central a diretoria inaugurou uma placa com nomes de sócios desaparecidos e estampou em sua camiseta o pano branco emblema das Madres da Praça de Maio, símbolo máximo da luta contra a ditadura.
4- No tradicional Ferro Carril Oeste, os jogadores entraram em campo ao lado de familiares de antigos sócios que foram torturados e mortos pela ditadura. O clube tem um setorial de Memória, Verdade e Justiça em sua estrutura, dedicado a tratar exclusivamente dessa questão.
5- O Los Andes, pequeno clube centenário do subúrbio de Buenos Aires, deu apoio a um coletivo de torcedores chamado Los Andes Tiene Memoria, que pintou um mural. A notícia foi bastante circulada por meios de imprensa.
6- Aliás, por toda a Argentina, existem vários coletivos de torcedores dedicados à questão, muitos associados ao redor da @futbolyddhh. E são centenas de murais do tipo, de repúdio à ditadura em muros de clubes de futebol.
7- Pelo menos outros 2 foram inaugurados. No Banfield, clube que restituiu simbolicamente o título de sócios desaparecidos, o mural lemba um ex-centro de detenção clandestino próximo ao clube. "Não podemos ter um Auschwitz Criollo a dez quadras e ignorá-lo", disse um torcedor.
8- No Racing, o coletivo Memoria Racinguista pintou um que lembra seis pessoas fuziladas em 1977 em frente à entrada do clube. Com um detalhe: o mural foi feito exatamente no paredão em que aconteceu o fuzilamento.
9- Evidentemente, não foram apenas torcedores e clubes que se manifestaram no aniversário do golpe. Milhões de pessoas tomaram as ruas do país pra reafirmar, ainda que na marra, um sensível consenso: Ditadura, nunca mais!
10- As marchas por todo o país foram, diga-se de passagem, repercutidas nas redes de vários clubes, como o Central.
11- O presidente Mauricio Macri, de direita, também se manifestou, claro. Comemorou a abertura de arquivos secretos dos EUA. “Os docs serão fundamentais para que a Justiça possa avançar em causas do passado, ainda pendentes, de uma das épocas mais escuras da História argentina”.
12- CORTA. Voltemos ao Brasil.
No dia 25 de março, um dia depois dos vizinhos repudiarem em uníssono o horror da ditadura, o presidente do nosso país anuncia que, dali a alguns dias, no 31 de março, pela 1a. vez, o Estado brasileiro iria COMEMORAR o dia do golpe militar de 64.
13- Em outras palavras, o camarada anunciava que ia fazer de suas tradicionais, patéticas e solitárias manifestações pró-golpe uma posição DE ESTADO.
14- O presidente afirmou que NÃO HOUVE DITADURA. Em visita ao Chile, elogiou o assassino em massa Augusto Pinochet; antes, já tinha elogiado outro tirano, Augusto Stroessner, do Paraguai, acusado de PEDOFILIA, entre muitos outros crimes.
15- O hospício ministerial, claro, lambeu as botas do chefe. O Chancelouco foi o primeiro, disse que 64 foi um "movimento necessário para que o Brasil NÃO se tornasse uma.... DITADURA" (grifo nosso).
16- Até o ministro da Justiça, que tanto ENGANOU TROUXA nos últimos anos, entrou na onda. Perguntado por jornalistas estrangeiros, se negou a responder se os termos “golpe” e “ditadura” eram historicamente precisos pra caracterizar 64.
17- Evidente: a essas posições reagiram todas as pessoas e organizações que têm um mínimo compromisso com a democracia e o respeito aos direitos humanos. E no universo do futebol?

No futebol, no entanto, pouquíssimos se atreveram a falar.
18- No aniversário do golpe, dentre os 128 clubes que disputam as quatro séries do campeonato brasileiro, apenas três se posicionaram publicamente contra a ditadura. TRÊS clubes.
19- O Corinthians foi econômico, mas dentro do contexto, disse o bastante. Publicou uma antiga foto de Casagrande, de costas, com uma camisa onde se lê claramente “Democracia Corinthiana”. Na legenda, um punho cerrado.
20- O Vasco, de identidade popular e de luta contra o racismo, se redimiu de dois vexames recentes: um título de sócio concedido ao então presidente decorativo da CBF, um colaborador da ditadura; e o convite a uma deputada pró-ditadura pra participar de um evento sobre direitos.
21- No dia 31, no entanto, o Vasco foi digno de sua bonita história. As redes sociais do clube evocaram a letra de “O Bêbado e a Equilibrista”, um hino contra a ditadura durante a redemocratização.
22- Veio do Bahia a mais coerente manifestação: um vídeo em que diz "de Democracia, a gente entende". Um repúdio à ditadura, mas tb uma referência à estrutura democrática que os associados implementaram dentro do próprio Bahia: lá, o torcedor vota com 10 reais ao mês, um exemplo.
23- Houve no entanto pelo menos duas outras manifestações contundentes contra a ditadura. Manifestações gigantes que vieram de times chamados “pequenos”, mas que foram os únicos que deram nomes aos bois, sem meias palavras nem qualquer receio.
24- O Inter de Lages, que disputa a série B do campeonato catarinense, mandou, de lá do interior do estado, este recado aí, na lata, curto e direto.
@interlages 25- O tradicional e centenario Serrano Futebol Clube, de Petrópolis, no Rio de Janeiro, também não demonstrou qualquer vacilação. Fez uma publicação citando o célebre centro de tortura da cidade e marcando posição sem deixar lugar para dúvidas.
@interlages @serranofc_rj @DuduMonsanto 26- Estas mensagens deram grande alento aos nossos coraçõezinhos libertários, mas é de murchar o peito de todos nós: foram somente cinco clubes, CINCO!, entre muitas centenas, se manifestando contra o horror da ditadura e da tortura, a favor da democracia.
@interlages @serranofc_rj @DuduMonsanto 27- De resto, no futebol brasileiro, um enorme silêncio. Um silêncio que diz muito.

Que foi quebrado por algumas iniciativas de torcedores, claro. Foram várias, por todo o país. Uma delas, muito marcante.
@interlages @serranofc_rj @DuduMonsanto 28- No Rio, torcedores do Flamengo se reuniram na sede de remo do clube para lembrar Stuart Angel.

E quem era Stuart Angel?
@interlages @serranofc_rj @DuduMonsanto @FlamengodaGente @Flamengo @butterfutebol 29- Stuart era remador rubro-negro e tinha 25 anos quando foi sequestrado por militares em 1971. Foi barbaramente torturado, chegou a ser arrastado por um automóvel e forçado a colocar a boca no escapamento do veículo, enquanto os torturadores aceleravam o motor. (+)
30- Durante a noite, colegas presos relatam que o escutavam agonizar, pedindo por água. Stuart morreu. Há indícios de que seu corpo foi jogado ao mar, de um helicóptero.
31- A homenagem foi organizada pelo grupo de sócios @FlamengodaGente. Inacreditavelmente, ao saber da cerimônia, a diretoria do clube se deu ao trabalho de soltar uma nota desautorizando o ato em memória de seu atleta brutalmente assassinado.
32- “O clube não se manifesta sobre assuntos políticos”, subscreveu o presidente Rodolfo Landim, numa das mais cristalinas, significativas e patéticas... manifestações sobre assuntos políticos já feita por um clube de futebol brasileiro.
@Flamengo 33- A gente procurou a irmã de Stuart, a grande jornalista Hildegard Angel @hilde_angel, presente na cerimônia, pra tentar entender quem era Stuart, como era sua relação com o Flamengo e como foi que ela percebeu a postura oficial da diretoria. O depoimento de Hilde é...
34- ...uma das partes mais emocionantes do programa. Das palavras de sua irmã, surge um Stuart humano, uma pessoa linda. Sua paixão e dedicação pelo @Flamengo reforçam a COVARDIA dessa diretoria.

OUVE AQUI👉🏽👂🏽🎧tinyurl.com/y5c8vlzz

(segue...)
@Flamengo 35- Vale lembrar que essa é a mesma diretoria que colocou no gramado do Maracanã na entrega da taça do carioca o deputado COVARDÃO que quebrou a placa de outra rubro-negra assassinada brutalmente, MARIELLE FRANCO.
Gigante, Marielle.
Gigante, Stuart.

Medíocres, os covardes.

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