Thread by @franciscorazzo

[FIO pra quem defende o aborto]

Eu desejo ter a oportunidade de mostrar que estão objetivamente errados. Não é exigir muito de quem se dispõe ao debate público abertura crítica. Não é guerra no sentido clássico de “continuar a política por outros meios”. #AbortionIsAWomansRight

Penso que quem defende o aborto ignora (ou diverge de pressupostos) temas fundamentais de antropologia e filosofia moral para falar do estatuto do embrião como pessoa.  Suas agendas expressam mais em erros do que no desejo mórbido de destruir o embrião pelo prazer de destruí-lo.

Defendo essa teoria — inspirado na teoria socrática do erro moral. Para o caso do aborto, penso que as ideias de Sócrates de que “ninguém erra voluntariamente” e “é melhor sofrer uma injustiça do que praticá-la” têm peso filosófico significativo para a discussão atual.

Quem pretende refletir esses tópicos com algum grau de seriedade e serenidade não pode ignorar essas tensões e dilemas morais: É a consciência do dever que nos revela a liberdade e a autonomia. Uma mulher autônoma e livre fará a opção certa de não destruir o filho, sempre.

Fora do senso do dever não há alternativas para ação. Se sua ação está condicionada por motivos econômicos, psicológicos ou sociais, a escolha não é livre. Se não é livre, não há autonomia, é servil. Liberdade é fazer o que se deve e não ter o poder de fazer “qualquer coisa”.

Escolher o certo é romper com toda forma de determinismo, inclinação e submissão. O desejo não é o móbile moral, mas é o senso de dever. Não é o medo, mas a liberdade. Não liberdade como ausência de coerção, liberdade externa; mas a liberdade interna, da autonomia da vontade.

Se a mulher deve obedecer apenas a si mesma, ela não pode justificar o aborto por ameaças e inseguranças existenciais e sociais externas. Ou a mulher tem autonomia ou não tem autonomia. Ter autonomia é cumprir uma obrigação imposta a si mesma pela vontade de fazer o que é certo.

E com saber o que é certo? Justificar isso é um problema filosófico dos mais complicados. No entanto, não quer dizer que seja impossível. Se não somos capazes de dizer o que é certo num nível universal e racional, vale tudo. Por ex: a proibição do aborto. Ganha o mais forte!

Quando se é a favor do aborto, não é para defender imposição do mais forte sobre o mais fraco, certo? Espero - que é porque consideramos isso o certo a ser feito: "um direito humano", cujo valor é universal. Por isso a discussão passa pelo estatuto do embrião. É ou não pessoa?

"Vida" a gente sabe que é. Vida biológica até meu fio de cabelo é. Uma unha é. Um câncer é. O problema não é biológico. Ninguém constatará "pessoa" se utilizar o método científico natural. A ciência é importante aqui, mas limitada. "Pessoa" é invisível ao método da ciência.

Discutir o que é o embrião é a mais importante discussão para quem pretende se envolver nesse debate público. O problema moral do aborto, portanto, não se encerra na descrição científica de um organismo vivo e da descrição do processo de seu desenvolvimento.

A controvérsia gira em torno de uma resposta para a pergunta: “o que sou eu?” – A parti daí será possível pensar um critério minimamente aceitável para refletir a respeito da resposta para a pergunta: “faz sentido dizer que embrião já existe como pessoa?” spotniks.com/por-que-sou-co…