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@gloriafperez Boa noite.

Na década de 1940 surge a cibernética, corrente caracterizada pela crença nos processos mentais como fenômenos aptos a serem reproduzidos em outros substratos que não o biológico.
Mais do que reforçar o apoio a pesquisas empíricas da mente, esse movimento passa a oferecer uma nova conceituação a respeito da possibilidade de se criar modelos da mente humana.
Nessa época, o estudo da cognição, como um todo, estava marcado pelas promessas da emergente inteligência artificial, e a cibernética era a principal corrente determinada por esse viés metodológico.
A cibernética teve importância vital para as ciências cognitivas, o que fica claro em sua afirmação categórica: na década de 1940, nasceu a cibernética – e, em seu rastro, as ciências cognitivas.
É possível defender que o realismo científico de Peirce oferece subsídios para lidar com fenômenos de "incompletude" e "possibilidade", "acaso".
Contudo, encontramos na obra de Peirce o conceito de primeiridade, que, assim como as demais categorias elementares, ajudam a compreender a dinâmica de todos os fenômenos possíveis.
A mônade, como definida por Peirce, é uma pura qualidade, sem partes e sem encorporação (CP 1.303).
Em seu capítulo "The Monad", Peirce pede para que o leitor imagine uma sensação de vermelho, deslocada de qualquer corporeidade, sem objeto, apenas um vermelho.
Esta cor, não é, em si, um objeto, como o autor diz: "trata-se de um mero vir-a-ser" (CP 1.304). Logo, não é possível relacionada a nada mais além dela, apenas ela é, enquanto algo "sui generis".
Se fosse possível criar uma relação entre essa mônade e uma outra coisa (outra mônade) estaríamos diante de uma díade.
Uma díade é uma "ação e reação", algo que está para outro em relação de contraste dual, oposição física (onde acaba o um, começa o outro).
Quando me desloco e esbarro em um objeto, um processo de significação ocorre de forma diádica, Peirce conceitua a díade como a categoria do "conflito" ("struggle", vide CP 1.322)
Quando observo a fumaça e deduzo que há fogo, o faço porque existe uma relação diádica entre fogo e fumaça, pois não é possível produzir o evento A (fogo) sem que o evento B (fumaça) ocorra.
Todavia, quando proferimos o ditado "onde há fumaça há fogo", estamos falando de uma abstração do fenômeno de ação e reação, que pode ocorrer com outros elementos que não apenas fogo e fumaça.
Neste caso, verifica-se uma tríade; a frase, o ditado, representa algo para alguém no lugar de X, onde X é o fenômeno de ação e reação como ele é (o que não pode ser respondido de forma direta).
As palavras são fenômenos triádicos "por excelência", uma vez que são uma "forma" que está no lugar de seu significado para algum intérprete possível.
Diferente de algumas teorias dualistas, que consideram a palavra como um duplo existente de forma e significado, Peirce conceitua os signos em geral (visuais, táteis, sonoros), e também as palavras, como resultado de uma relação triádica.
Todo raciocínio lógico, argumentativo, contém uma ou mais relações triádicas.
Porém, as categorias não são excludentes, a realidade é composta por fenômenos de todas as ordens, logo as palavras e os argumentos contém também mônadas e díades.
Seguindo-se por esse raciocínio (aqui, brevemente exposto), todo o conhecimento humano é permeado por relações de primeiridade (mônade), secundidade (díade) e terceirididade (tríade).
De acordo com essa perspectiva, é que Peirce rearticula todo o modo de entender a ontologia e a epistemologia; a compreensão das categorias elementares é o início inevitável do diálogo entre semiótica e as ciências cognitivas.
Para a semiótica, o avanço da informatização surgiu como um fenômeno importante a ser estudado do ponto de vista comunicacional, dado o evidente impacto dessa técnica sobre a produção e difusão de signos.
A mente é uma função e não uma faculdade específica de alguns seres. Se ela
não está no cérebro e está por toda parte, por que não poderia estar numa máquina?
Então Peirce poderia ter sido o patrono da inteligência artificial se fizermos uma
leitura retrospectiva da história da ciência cognitiva?
O signo corporificado – que encontramos na IA simbólica e nesse trecho de
Peirce – é o signo na sua materialidade e “a sua corporificação que nada tem a ver com seu caráter como um signo” é o que permite que ele se realize em diversos substratos físicos.
A máquina de Peirce seria uma máquina semântica e a ela talvez só faltaria a capacidade de criar.
Como ele nos diz em CP 2.249: -"Deve haver, portanto, casos existentes daquilo que o símbolo denota, embora caiba aqui entender por “existente”, existente no universo possivelmente imaginário a que o símbolo faz alusão".
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