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Vamos lá, aqui vai meu fio sobre a experiência com a seleção das ficções relâmpago pra primeira temporada da @faiscamafagafo. São pensamentos esparsos sobre 1) as possibilidades do formato e 2) o que faz esse projeto tão especial pra mim (e pra @mafagaforevista).
Antes de mais nada, quero agradecer a @tbs_bookworm. Foi um prazer trabalhar com alguém tão comprometida, caprichosa e pró-ativa. Na verdade, eu só ajudei a pensar em algumas coisas, selecionar e escrever os feedbacks pros textos. Toda a comunicação e bastidores são coisa da Fer.
Dito isso:

1) POSSIBILIDADES DO FORMATO

Depois de ler todas as cinquenta e tantas ficções relâmpago — que, agora, às vezes chamo de faíscas — da edição 2 da Mafagafo, mais as DUZENTAS que recebemos pra primeira temporada da Faísca, descobri que há três tipos de faíscas ótimas:
a. As de trama com pontos de virada muito surpreendentes
b. As que fogem do formato convencional
c. As de prosa linda e bem trabalhada, com foco na forma do texto

Não estou aqui cagando regra, só dizendo que o apelo desses tipos de texto sobre mim foi evidente.
Isso faz sentido se você pensar que a proposta da ficção relâmpago é ser um texto curto fechado, independente, mais do que um simples fragmento de algo maior. Uma cena que só apresenta uma ambientação ou personagem deixa essa sensação de incompletude — a menos que foque na prosa.
E o formato do fragmento fica ainda mais fraquinho quando a gente pensa esses três tipos de texto interessantes abrem tantas, mas TANTAS possibilidades... Tivemos textos do tipo "a" que trouxeram viradas cômicas, dramáticas, voltadas para o terror, propondo críticas sociais.
Tivemos textos do tipo "b" que contaram histórias e apresentaram universos com receitas fantásticas, relatos orais cômicos, troca de cartas interestelares, ementa de matérias mágicas em escolas inexistentes, manuais, regulamentos de estações espaciais, requerimentos jurídicos...
E tivemos alguns textos do tipo "c" que nos arrebataram pelo uso preciso das palavras, trazendo sensações e pintando as paisagens da história pela simples escolha de vocabulário, pela sinestesia, pelo uso hábil dos vários registros de fala — o que NÃO significa escrita rebuscada.
Essa é uma das coisas que eu quero que os leitores (especialmente os leitores escritores) percebam com a leitura da Faísca: a gente tem muitas possibilidades pra ousar, pra criar coisas diferentes e entreter em poucas palavras. E isso ainda é um exercício dos mais valiosos.
Agora:

2) O QUE FAZ ESSE PROJETO TÃO ESPECIAL PRA MIM

Bom, ficou claríssimo pra mim que tem gente boa escrevendo por aí. Tem gente começando agora, gente que já tá tentando um espaço há um tempo e gente que já achou um lugarzinho ao sol, mas tem mais coisa pra mostrar.
A Faísca vem pra cobrir a demanda de espaço pra conectar todo esse potencial de produção de ficção curta aos leitores que têm cada vez menos tempo de mergulhar em um romance gigante de um autor desconhecido ou iniciante — você lê uma faísca em cinco, no máximo dez minutos.
Além disso, conquistar algo no mercado literário parece muito distante, porque é tudo muito devagar e muito complexo... então, a Faísca também vem como um espaço pra suprir, de forma mais ágil e simples, esse incentivo de ser selecionado, ser lido e receber o feedback do público.
Claro que, por outro lado, isso significa mexer com as expectativas dos autores — muitas vezes gente que tá começando agora. Do mesmo jeito que a aceitação significa o passo que um autor precisava pra continuar escrevendo, pode significar a decepção de quem mal começou.
Mas essa é uma parte integrante da vida de quem quer viver a escrita ou qualquer tipo de arte. Por questões mercadológicas e também por questões de aprendizado: escrever é saber reconhecer que você sempre, sempre pode melhorar. Partir de qualquer outro ponto vai gerar frustração.
Pra gente, que fica com a parte ingrata de distribuir "sims" e "nãos" que podem parecer sem contexto, é difícil. Dá vontade de colocar todos os autores debaixo da asinha de Mafagafo e dizer que a negativa não significa que alguém é ruim ou se dedicou menos do que devia.
Por outro lado, a gente sabe que tá fazendo o possível pra que o nosso mercado — e as pessoas envolvidas com ele — seja cada vez mais profissional. Aproveitando que já é impossível publicar todo mundo pra "subir a régua", como diz o meu pai.
Enfim, quero agradecer todo mundo que teve a coragem e bondade de submeter textos à nossa avaliação. Saibam que tratamos todos os textos com muito carinho — mesmo que isso tenha significado arrancar os cabelos pra garantir que todo mundo receba feedback nos próximos dias.
Espero que esse seja só o comecinho de uma vida longa e cheia de provas incríveis de que o fantasismo brasileiro tem muito, mas muito a oferecer. Espero o texto de vocês na próxima temporada — fiquem atentos que nosso edital já abre em agosto (socorro risos)!
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