,
11 tweets,
2 min read
Read on Twitter
Esse fio do Paulo Pachá é excelente! E ele me lembra taaaaanto o "Dezoito de Brumário", escrito por Marx.
Eu falo desse livro o tempo todo e cada vez mais acho que é o livro do nosso tempo - mesmo tendo sido escrito em 1852.
É basicamente a história de como um medíocre megalomaníaco toma o poder na França pela via eleitoral e acaba constituindo uma ditadura de 18 anos.
É basicamente a história de como um medíocre megalomaníaco toma o poder na França pela via eleitoral e acaba constituindo uma ditadura de 18 anos.
Marx narra, num misto de historiador e jornalista, como Luís Bonaparte, que se intitulava sobrinho de Napoleão passou de piada nacional a opção razoável para salvação nacional.
Eram tempos difíceis para a França. Em 1848, a fome e a miséria ajudaram a derrubar a monarquia dos Orléans. Da crise política, a Segunda República emergiu. Mas com o povo na rua, organizados entre os primeiros socialistas, a elite francesa se sentiu acuada.
Assim, rapidamente houve uma coalizão entre as forças dessa elite para reprimir e barrar os socialistas da política. Nisso, Exército e Judiciário foram implacáveis.
Mas a cada tantinho de poder que essas instituições ganhavam, mais difícil era manter a República.
Mas a cada tantinho de poder que essas instituições ganhavam, mais difícil era manter a República.
Depois dos socialistas, essa elite começa a gradualmente ir cortando seus próprios membros. Primeiro foram os democratas que bailaram, sendo acusados de socialistas. Depois foi a vez dos liberais. E a coisa foi escalonando até chegar nos monarquistas.
A ironia? Sempre que cada grupo era reprimido e denunciado, ele era acusado de...socialismo!
E para botar insulto à injúria, sempre que esses grupos e partidos viam que iam ser reprimidos, eles clamavam pelo auxílio dos socialistas, mas já era tarde demais.
E para botar insulto à injúria, sempre que esses grupos e partidos viam que iam ser reprimidos, eles clamavam pelo auxílio dos socialistas, mas já era tarde demais.
O que Pachá fala (e me permitindo o hipertexto) é justamente isso. Os liberais, assustados ao serem acusados de socialistas, querem formar uma oposição. Mas essa oposição nada mais é do que aceitar, nas regras da democracia, a censura e a violência (ainda que de forma seletiva).
A Folha, bem como o Estadão, tavam tranquilos alimentando a oposição generalizada às esquerdas. Agora, que as baterias se voltam contra eles, percebem-se acuados. São acusados de serem esquerdistas inclusive - ah, a ironia.
Não há dúvidas de que para derrotar o fascismo é preciso uma aliança ampla. Mas a questão que se levanta é: qual a garantia de que os nossos liberais não vão se agarrar às vestes de um mito qualquer se for para derrubar a esquerda de novo?
No final, eles parecem bem confortáveis quando estão com a ponta certa do chicote na mão.
PS: Leiam "O dezoito de Brumário".
PS: Leiam "O dezoito de Brumário".
