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Esse é o gráfico mais importante da discussão sobre o Teto de Gastos no Brasil. Se quiser entender o porquê, segue o fio. 🧶
A curva de juros mostra o retorno anualizado de títulos da dívida pública em função da duração desses títulos. Em tempos normais, espera-se que os retornos em títulos de longo prazo sejam mais altos - pq há incerteza quanto ao futuro longínquo. A curva aponta pra cima
Durante recessões, contudo, essa curva de se inverte: a curva aponta pra baixo. Pq? Pq os investidores esperam que o BC responda a uma recessão abaixando os juros nos meses seguintes. Assim, títulos de 1 mês pagam juros maiores q títulos de 1 ano, por exemplo.
E o que isso tem a ver com o teto dos gastos? Como a gente viu lá no primeiro gráfico, em plena recessão, em 2015, a curva de juros brasileira apontava pra cima. Sem perspectiva de controle fiscal, não se esperava espaço para uma política monetária expansionista.
Com o teto de gastos, gov+Congresso sinalizaram seu compromisso com a establização da dívida, controlando gastos. É o que chamamos de “âncora fiscal”. Caiu a percepção d risco qto à dívida 🇧🇷 e reduziram-se os juros necessários para que o gov captar $ em todos os horizontes.
No curto prazo, o juro caiu por causa da queda da inflação e da ação do Banco Central. No longo prazo, a curva inverte por causa da menor probabilidade de um calote da dívida pública no futuro e antecipação da política monetária expansionista.
Ao contrário do alardeado, o teto dos gastos promove um ajuste bem lento — nada draconiano. Ele era uma alternativa à austeridade. Na melhor das hipóteses, vamos ajustar o primário em 2,5% do PIB em 6 anos. Portugal ajustou um défice primário de 6% em 2 anos.
Cenário que não é improvável no caso de revogação total do teto dos gastos: sem âncora fiscal, juros futuros sobem; BC é forçado a aumentar juros; gov aumenta gastos; déficit piora, mas não há efeito no crescimento p/ causa do aumento de juros; crescimento pequeno vira recessão.
Muitos tem discutido o tema como se política monetária fosse separado do fiscal — como se acabar com o teto não alterasse o patamar atual de juros. Isso é um erro elementar.
Essa discussão não pode estar descolada da percepção de risco dos credores. Se a âncora fiscal for fundamental para conseguirmos manter risco baixo ter política monetária expansionista, acabar com o teto terá efeito contracionista.
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