Thread by @diegoeis

Pessoal diz que Uber e outros querem se tornar superapps. Está mais na moda dizer “super app” do que tentar ser um.

Pra ser um WeChat da vida, ou um super-app de verdade, a empresa tem que abrir mão de prover os serviços. Isso quer dizer que você não pode querer entregar tudo.

Você não pode querer monopolizar e ser dona/responsável pelos serviços que o seu superapp oferece. Basicamente você precisa ser uma plataforma agnóstica pra TODO o resto. O que você ganha? Controle do fluxo de informação e de dinheiro.

Pra um rappi, Uber e outros serem superapps, não basta só centralizar seus próprios serviços ou entregar produtos de terceiros. Você tem que ser mais “mínimo”, só oferencendo um canal para que outras empresas criem um ponto de contato com o usuário.

Logo, se o Uber centraliza no app dele só os serviços dele, e não os serviços de outros apps de carona, ou outros serviços de entrega de comida, ele não é um superapp. Agora, se o ifood usa o app do uber pra sustentar seu serviço, a coisa muda de figura.

O rappi chega perto de fazer isso, mas ele ainda faz o serviço de entrega. No WeChat, ele abre portas pra que empresas e outros usuários “se instalem” dentro dele e usem sua base pra expandirem seus negócios.

Sem falar que pelo WeChat você realmente faz tudo. Desde contratar um serviço de PetCare até jogar games dentro do app.

Se liga nesse tipo de serviço: walkthechat.com/wechat-food-de…
Se você quiser começar a entregar comida e produtos, essa empresa já te da todo o “delivery template” pra você.
“Start to sell on WeChat for only 200 USD per month”

Um superapp está em um nivel antes de ser chamado de plataforma. Ele permite que plataformas sejam criadas. Eu colocaria ele ao lado dos sistemas operacionais como Android e iOS... fica só um nível acima de abstração, porque ele precisa desses Sistemas pra existir.

Muito por causa disso eu tomo cuidado pra não chamar qualquer coisa de superapp.

@threadreaderapp unroll

E lembrando que o WeChat só é o que é por causa do governo chinês que quer controlar tudo, desde as empresas até os cidadãos. E eles entendem que pra terem controle, eles tem que abrir mão do controle. Entendeu o paradoxo?

Pra eles controlarem tudo, eles tem que ter o mínimo de interferência, sem querer restringir o uso ou a oferta de serviços. Quanto mais liberdade empresas e usuários tem, mais informações o governo chinês controla.