Certa vez um primo que é militar e paraquedista do Exército me disse que acidentes de paraquedas não acontecem repentinamente, no ar. São, em geral, resultado de falha na preparação do equipamento em solo.
O Brasil de hoje é um grande acidente de paraquedas. Senão vejamos (👇🏿)
O Brasil de hoje é um grande acidente de paraquedas. Senão vejamos (👇🏿)
Em abril de 2016 um deputado federal, já conhecido por seu perfil autoritário, sua incontinência verbal e sua total falta de preparo exaltou um notório torturador em sessão pública no Congresso Nacional. Ele não foi cassado e nem preso. Foi eleito Presidente da República.
Em março de 2016, um juiz de primeira instância divulgou ilegalmente o diálogo telefônico mantido entre uma presidente da República em exercício e um ex-presidente. Não foi punido. Tornou-se Ministro da Justiça do governo que direta e indiretamente ajudou a eleger.
Em março de 2018, uma vereadora e seu motorista foram assassinados em pleno centro do Rio. Ao invés de solidariedade irrestrita, o que se viu foi o ódio e a difamação dirigido às vítimas. Não houve reação à altura. O crime permanece sem solução. (👇🏿)
Assitimos abismados a destruição da economia; a destruição das políticas ambientais e do próprio meio ambiente; a destruição da Universidade, da pesquisa e da ciência. A destruição de qualquer horizonte de uma vida estável e digna. O paraquedas teima em não abrir (👇🏿).
Hoje, o deputado federal mais votado do Brasil defendeu categoricamente o uso de mecanismos de exceção, no caso, o AI-5. Ele segue sem dar satisfações sobre o que disse e, pelo andar da carruagem, nada vai acontecer. Seguirá na trilha do ódio e do autoritarismo, sem obstáculos.
O que vivemos hoje, portanto, é o resultado de um país que não soube dobrar o próprio paraquedas. Nos lançamos ao ar sem lidar com o racismo, o autoritarismo e a dependência econômica. O país confraternizou com os violentos, com os irresponsáveis, com os racistas. E deu nisso.
