1 - Veja neste fio por que a construção do "inimigo interno" é necessária para processos de autocratização da democracia.
2 - Autocracia é a guerra como modo de vida (ou seja, é o regime que precisa da guerra para se reproduzir como tal). Nem sempre a guerra em questão precisa ser quente, com derramamento de sangue: pode ser a guerra fria, a política como continuação da guerra por outros meios.
3 - Entretanto, pode-se ter governos autocráticos em regimes democráticos (desde que o núcleo governante seja antidemocrático, como é o caso do Brasil atual).
4 - A única maneira de um governo autocrático conseguir autocratizar o regime é promovendo a guerra (tanto no terreno político, como, por exemplo, a guerra entre partidos ou facções ou a guerra contra as instituições da democracia - como o STF, o Congresso, a imprensa -...
5 - ...quanto no terreno social, insuflando a inimizade política no cotidiano do cidadão e, com isso, esgarçando o tecido social ou centralizando a rede sem a qual o processo de democratização não pode prosseguir).
6 - Para tanto, na falta de um inimigo propriamente dito, externo, real, inventa-se um inimigo (que pode ser um país estrangeiro qualquer: a Eurásia ou a Lestásia, tanto faz, como no 1984 de Orwell).
7 - Se isso não for possível, constrói-se então um inimigo abstrato, imaginário, uma idealização do inimigo perfeito, funcional, instrumental para os propósitos de conquista ou manutenção do poder despótico (como os judeus, os imigrantes islâmicos, os gays...
8 - ...as ONGs ambientalistas, os corruptos, os banqueiros, os comunistas ou os globalistas).
9 - Mas como combater um entidade imaginária é difícil, inventa-se então o conceito de "inimigo interno" (que seria constituído pelos representantes ou agentes concretos, locais, nacionais, daquela ameaça idealizada externa, às vezes, internacional, global).
