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Quando assisti “Democracia em vertigem”, há alguns meses, tive duas percepções básicas acerca do filme. Por um lado, pareceu-me muito bem feito como cinema: bem filmado, bom ritmo, fio claro. Por outro, ... +
... pareceu-me muito mais o relato de uma percepção subjetiva dos fatos do que uma tentativa de descrevê-los objetivamente. Mas isso não me parece, como alguns têm apontado, acusatoriamente, um defeito ou um crime. É apenas uma escolha da autora, que não por acaso... +
... narra o filme ela mesma, sempre na primeira pessoa. Vai além nessa escolha, inserindo as falas da mãe na narrativa e mostrando os fatos também da perspectiva dela. Novamente, uma escolha pela subjetividade e pela intimidade familiar, das histórias como sentidas aí, por elas.+
Ipso facto, ao entrevistar a mãe, chama-a pelo que é: “mãe”, uma militante de esquerda de longa trajetória, que experimentou os sabores e dissabores de viver o que viveu. Portanto, parece-me que o filme deve ser visto e avaliado como o que se propõe ser: um relato pessoal e... +
... necessariamente subjetivo. Pode-se ver discordando da perspectiva e, mesmo assim, apreciar o filme dentro de sua proposta. Chamar isso de “mentira” ou “ficção” é equivocado. O filme não se propõe a ser um relato descritivo e imparcial dos eventos. Nem isso é obrigatório. +
Montar a narrativa em primeira pessoa e de forma tão pessoal é, por si mesmo, esclarecedor. A autora fala de seus anseios, expectativas, preferências, crenças. Não esconde isso do espectador, nem tenta lhe iludir. +
Com tanta franqueza, é curioso que haja quem se mostre indignado com a parcialidade do documentário. Ora, mas em nenhum momento a autora pretendeu ser imparcial. Aliás, “imparcialidade” se tornou o mantra dos imbecis, que criticam qualquer visão não imparcial, simplesmente... +
... porque ela não é a visão parcial do seu lado. Ninguém é obrigado a ser imparcial ao emitir opinião (que aliás nem seria então opinião) ou expressar seu entendimento sobre algo. E fazer um filme é expressar um entendimento. Portanto, a eventual premiação desse filme como... +
... documentário significaria não a consagração de uma “mentira” ou de uma “ficção”, como ironizaram alguns. Ela apenas representaria o reconhecimento de um bom trabalho naquilo que ele se propôs a fazer: dar uma visão dos acontecimentos. Torcer contra ou a favor é do jogo.
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