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É o fio das macumbas entrelaçando a vida! Louvando as temáticas de raízes africanas, o @Carnavalize preparou uma thread cheia de axé sobre os enredos biográficos dos orixás. Vem nesse xirê e segue o fio...🧶
Como contam @simas_luiz e Alberto Mussa, foi só em 1977, no Arranco, que se registrou o 1º samba-enredo biográfico sobre um orixá afro-brasileiro. A agremiação cantou uma divindade sem tanta badalação no país: Logunedé, que significa feiticeiro de Edé, o filho de Oxóssi e Oxum.
Logun nasceu no gênero masculino e ganhou o poder de se transformar ao feminino. No enredo, foi retratado como bastardo condenado após a morte de Xangô, marido de Oxum. A agremiação ficou com o vice na 2ª divisão da folia carioca e o Estandarte de Ouro de melhor samba do grupo.
Pela primeira vez na elite, a Imperatriz, escola que não é comumente associada à dita temática afro, cantou em 1979 "Oxumarê, a Lenda do Arco-íris". O orixá, simbolizado pelo arco-íris e por uma grande serpente, liga os reinos de Orun e Ayê, equivalentes à terra e ao céu.
Lembrando a lenda do arco-íris sob o olhar da tradição afro no Brasil, o desfile trouxe elementos nas suas 7 cores, príncipes africanos na comissão de frente e a roda da fortuna de Oxumarê. Pioneira, a Gresil fez o público reverenciar o visual do majestoso orixá! Arroboboi!
Em 2015, o Império da Tijuca defendeu toda a riqueza e beleza de Oxum, mãe do ouro, da beleza e dos amores. A trajetória da iabá foi mostrada com seu nascimento no ventre de Odudúa e Oxum foi representada pela atriz Erika Januza no desfile.
A orixá é símbolo da fertilidade e é na agua doce onde reina soberana e dança com seu abebê encantado, sempre formosa e discreta. O Morro da Formiga conquistou o modesto 6º lugar no ano de retorno à Série A, mas encantou com passagem digna da homenageada. Ora, ieie ô, salve Oxum!
Em 2016, a Alegria da Zona Sul festejou um dos orixás masculinos mais difundidos no imaginário brasileiro: Ogum. Figura muita ativa no sincretismo, principalmente associado a São Jorge, o orixá é senhor do ferro, da guerra, da agricultura e da tecnologia.
Era ele mesmo quem forjava suas ferramentas para a caça, para a agricultura e para as batalhas. O desfile relatou desde a origem do guerreiro até toda sua atuação entre Orun e Ayê, terminando com sua ligação ao santo guerreiro. O valente samba ganhou o povo. Ogunhê!
No mesmo ano, a Renascer exaltou os Ibejis! As divindades gêmeas foram aglutinadas na figura de São Cosme e Damião, em um complexo e fascinante processo de diálogo cultural. O Brasil é um dos poucos cantos do mundo no qual os santos católicos são representados com face infantil.
Doum, principalmente na umbanda, também entra na mistura boa. Essa relação intensa de troca e negociação entre as culturas europeias e africanas foi contada na apresentação da escola. Um time de primeira fez o bom samba encomendado: Moacyr Luz, Cláudio Russo e Teresa Cristina.
Em uma das apresentações mais memoráveis da Sapucaí, em 2017, a Unidos de Padre Miguel louvou um orixá ligado às folhas, à sabedoria da cura e das florestas, pouco difundido pelos terreiros brasileiros. O grande samba contou um visual tão imponente quanto, com carros monumentais.
Ossain, por vezes, é representado com apenas uma perna. E, nesse desfile, um incidente prejudicou a escola e impediu a ascensão da UPM ao Grupo Especial: a queda da primeira porta-bandeira, c/ a torção de sua perna, durante sua dança ao (já extinto) módulo duplo de julgadores. 👀
Atotô! 2018 foi ano de continuar apostado na magia dos orixás para o Império da Tiuca, com Olubajé - um banquete a Obaluayê (Omolu). No cortejo, banho de pipoca não podia faltar para homenagear o orixá responsável pela terra e ligado ao mundo dos mortos.
Xangô! Esse foi o enredo do Salgueiro no carnaval precedente, exaltando a justiça e o orixá que tem o machado como ícone. A escola versou sobre diversas de suas facetas: o amor por Oyá e Oxum, o Xangô de Pernambuco e a relação do próprio Salgueiro com a divindade! Kaô kabecilê!
Sempre é tempo de explicitarmos a ligação direta entre as escolas de samba e a temática africana. Em tempos de ataques fundamentalistas e racismo velado, elas funcionam, mais do que nunca, como bastiões de resistência das religiões afro-brasileiras. Axé! #carnavalize
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