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Alô, galera do Twitter! Começamos mais uma cobertura. Dessa vez, diretamente de BH, onde Drauzio recebe o público para discutir sobre a dengue e outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
"Para ter saúde pública, você precisa ter pessoas bem informadas. Pessoas bem informadas tomam os cuidados necessários para prevenir determinadas doenças."
Drauzio conta que o segredo da estratégia do mosquito Aedes é devido à resistência dos ovos do mosquito, que permanecem por muito tempo no local no qual são colocados.
A dengue uma doença bifásica. Primeiro, sintomas que já conhecemos: dor no corpo, febre, dor atrás dos olhos. E a partir daí, há dois desfechos possíveis. 1) Os sintomas regridem e o indivíduo se cura automaticamente; 2) Os sintomas pioram e a doença se agrava.
#FalaDrauzio: "A dengue hemorrágica não precisa ter hemorragia, por isso o nome é equivocado. Basta que haja o vazamento do líquido extracelular".
Quando falamos sobre uma epidemia de dengue, o contexto socioeconômico também faz diferença. Nas periferias das grandes cidades, por exemplo, a própria geografia e infraestrutura local costuma favorecer o acúmulo de água parada e, por consequência, o desenvolvimento do Aedes.
#FalaDrauzio: "Você não presta uma assistência médica decente na ponta do problema, e aí você tem um gasto astronômico nos serviços terciários." O médico destaca a principal falha do SUS no que se refere à estratégia contra a dengue.
O cenário ideal de combate à dengue seria desenvolver uma vacina contra o vírus. O que dificulta a criação da vacina é o fato de que há pelo menos 4 subtipos da doença, ou seja, para ser eficaz a vacina precisaria ser capaz de combater as 4 mutações do vírus.
A esperança é uma vacina que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, que já se encontra na fase de testes. Nesse caso, a vacina seria administrada para as pessoas que já tiveram dengue, que ficariam protegidas contra as demais mutações do vírus.
Quando falamos do chikungunya, a questão é mais complexa, já que embora tenha os mesmos sintomas iniciais da dengue, as dores articulares são intensas e permanecem por até 3 anos depois do tratamento.
E é aí que entra um outro problema: essas pessoas que convivem com as dores como sequela do chikungunya precisam de acompanhamento a longo prazo. E a saúde pública não está preparada para prestar esse tipo de assistência e dar conta da demanda.
Na mesma família de doenças, temos ainda a febre amarela. Essa, muito mais devastadora, voltou a assombrar o Brasil recentemente. Uma dengue piorada, a febre amarela atinge todos os órgãos do corpo.
Há dois tipos de febre amarela: a silvestre e a urbana, responsável pela epidemia que vivenciamos nos últimos anos. E o Aedes aegypti é capaz de transmiti-la.
Embora tenhamos a vacina para febre amarela, que conseguiu manter o controle da doença de forma significativa, sua erradicação total é difícil porque o vírus tem um hospedeiro: o macaco. Por isso, não adianta fugir, a melhor prevenção é se vacinar.
#FalaDrauzio: "Nós temos 3 estratégias fundamentais. Uma delas é inserir dentro do mosquito uma bactéria que só infecta insetos, torna o mosquito infértil e é transmissível entre os mosquitos."
Há também os mosquitos transgênicos. Nesse caso, a infertilidade é provocada por um gene específico alterado nos machos.
E a terceira é criar mosquitos que tenham anticorpos contra o vírus. Ou seja, o mosquito pode picar alguém contaminado mas o vírus se torna intransmissível.
Para quem tem doenças autoimunes, como o Lupus, a prevenção ainda precisa ser no modelo tradicional. Evitar locais em que a presença do vírus é grande, usar repelentes e roupas que não exponham muito do corpo.
Mas falta dinheiro para a saúde? #FalaDrauzio: "O SUS investe cerca de 60 bilhões de dólares na saúde, mas não é só com dinheiro que você resolve o problema de uma população. O dinheiro é fundamental, mas é preciso organização."
Você precisa trabalhar na base, uma pessoa com diabetes vai ter complicações a vida inteira, e, claro, gerar gastos para o sistema público de saúde. Mais de 90% dos problemas de saúde poderiam ser resolvidos com a atenção primária.
Ninguém mostra que o SUS tem o maior programa de vacinação e de transplante de órgãos do mundo. Se você sofre um acidente na rua, o resgate está ligado ao SUS. Há ainda um estigma sobre o SUS, reforçado, muitas vezes, pela mídia. Quem nunca viu imagens de filas imensas no jornal?
Do que morrem as pessoas nos países desenvolvidos? De problemas cardíacos, de câncer. Nós temos um perfil hoje de países desenvolvidos. A diferença é que, ao mesmo tempo em que lidamos com os problemas deles, precisamos enfrentar problemas básicos como a dengue.
Agora nosso desafio é reeducar as pessoas. Há 70 anos, nossa expectativa de vida era de 48 anos. Hoje, a média é de 76 anos. Como se morria rápido, envelhecer com saúde não era uma prioridade. É preciso mudar a nossa cultura pela raiz.
Perguntado sobre o controle de doenças epidêmicas, para as quais não há vacinas, no contexto carcerário, Drauzio destaca que o Brasil ainda lida muito mal com todo o sistema carcerário. E a questão da saúde não é diferente. "Esquecemos que essas pessoas vão voltar para as ruas".
#FalaDrauzio: "O Brasil vive uma crise pesada. Não só econômica, como de inteligência e de educação. Todo mundo sabe que o desenvolvimento do Brasil exige um projeto pra Educação. A sociedade precisa se dar conta de que isso é importante e passar a exigir isso."
#FalaDrauzio: "Se quem tem faculdade, pós, fala mais de uma língua, fica desempregado, o que resta para a população sem educação básica? E ainda tem gente que fala sobre meritocracia. Mas como falar sobre meritocracia para quem nasceu em condições como as das nossas periferias?"
É isso pessoal, até a próxima cobertura! 😉
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