Erro de Bolsonaro: exonerar o n. 2 da Casa Civil de forma intempestiva, pela imprensa, sem se aconselhar com assessores que entendam de administração pública federal e que poderiam lhe alertar sobre as implicações de ser pautado pela imprensa. Não se toma decisões sem estudá-las.
Ter deixado em aberto, desde o início da exoneração pela imprensa, a possibilidade de recontratação do cara em outro setor da Casa Civil após falar com o Onyx. O que ele achou? Que após ter abaixado a cabeça para a imprensa na primeira exoneração, ela iria deixar quieto?
Criou um fato negativo após uma viagem positiva, foi obrigado a recuar na nova nomeação, perdeu um servidor que estava com o governo desde a transição e vai precisar desenhar o porquê de o caso de Santini ser diferente dos demais ministros (e é).
O debate sobre exoneração de servidores deve ser interno, sem os holofotes da imprensa. A não ser que o servidor tenha se valido dos holofotes da imprensa para afrontar o governo (Alvim, Bebianno, Santos Cruz).Se o problema não foi detectado pelo governo, mas apontado pela mídia
o governo só responde que vai estudar as medidas cabíveis. No caso de Santini, poderia ser uma consulta à corregedoria para ver se o servidor cometeu alguma infração disciplinar ou um TAC para ressarcir o erário, caso sua conduta tenha causado prejuízo, além da
publicação de uma nova orientação interna (poderia ser até um ofício circulação) orientando as autoridades de alto escalão sobre o uso de aeronaves da FAB. Nela, já se disciplinaria boas práticas. Crise resolvida, sem nada para a imprensa explorar.
Óbvio que esta análise se baseia na coletiva dada após a viagem e nos dados oficiais (DOU, por exemplo). Porque especulações podem ser feitas muitas: por exemplo, houve um desgaste com Santini por algum outro motivo e o presidente usou o avião da FAB como um pretexto,
a Casa Civil afrontou o presidente e renomeou o cara em outra função, e agora o presidente teve de bater o pé bancando sua exoneração e colhendo consigo os desgastes. Abro essa possibilidade especulativa pelo fato de o presidente ter transferido o PPI para a Economia.
O que teria motivado essa transferência? Parece-me uma retaliação à Casa Civil. Ou já era algo que estava previsto anteriormente? Não saberemos, porque a imprensa não apura isso. A imprensa gosta só de inventar fantasias mirabolantes sobre os filhos do presidente.
