Thread by @fernandoulrich

A divisão de elevadores da ThyssenKrupp é vendida a um consórcio que inclui a Advent.

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Quem diria que o conglomerado alemão teria este desfecho, se desfazer do melhor ativo para reestruturar financeiramente o restante do grupo.
reuters.com/article/us-thy…

E pensar que o início da derrocada teve origem numa leitura equivocada do ciclo econômico global.

Em 2005, no auge do boom de commodities liderado pela voracidade do crescimento chinês,a TK decidiu realizar o maior investimento da história do grupo fora da Alemanha

Assim nascia a TK CSA, Companhia Siderúrgica do Atlântico, em Santa Cruz-RJ, numa joint venture com a Vale (pequena participação).

Quando metade do capex planejado já estava imobilizado, chegou 2008 e com ele veio o choque de realidade.

Aquele boom vivido até 2007 acabara.

A forte demanda global por aço projetada pela TK — o que fundamentou a decisão de investimento — evaporou, e com ela a viabilidade econômica da planta.

Mas naquele momento, já estavam no ponto de não retorno, única saída era terminar a construção da fábrica.

Para complicar ainda mais, o orçamento inicial do projeto estourou em mais de 100%. Isso mesmo. Custou o dobro do previsto. (Essa história merece um thread à parte).

A planta ficou pronta poucos anos depois e a operação já começou sangrando financeiramente.

Mais complexo ainda foi o fato de ser um investimento conjunto com a TK Steel Americas: a CSA forneceria placas para laminação numa planta no Alabama.

Capacidade da CSA era de 5 milhões de toneladas.

Em 2013 teve início a longa solução desse erro empresarial:

TK vende a usina do Alabama à Arcelor Mittal.

Mas a CSA ainda sangrava o bottom line e o caixa do grupo TK.

Depois de muitas tentativas, em 2017 a Ternium fechou a aquisição da CSA.

O negócio só foi efetivamente concluído em 2019.
ft.com/content/1c9498…

Depois de mais de €12 bilhões investidos, o prejuízo total do grupo com essa decisão ultrapassou €8 bilhões.

Mas os problemas financeiros do grupo, alto endividamento, permaneciam.

Para sanear a empresa e redirecionar o foco, desinvestiram 100% da divisão de aço.

Após 200 anos no setor — a Krupp foi fundada em 1811 —, o grupo deixava as raízes da empresa para trás.

A dívida ainda incomodava, contudo. Então depois de todas trocas possíveis de management e board, decidiram vender a joia da coroa:

A divisão de elevadores, o negócio mais rentável e gerador de caixa de todos.

Com a confirmação da venda, se acaba assim um dos cases de erros empresariais mais emblemáticos da Alemanha, com lições para o mundo todo.

Disclaimer: trabalhei na TK Elevators de 2002-2009.

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