Fio sobre papel do investimento público no crescimento econômico. Aqui vc vai aprender sobre crowding out e in, e pq agora temos ideológos no governo. Trocamos os novo-desenvolvimentistas pelos econoconservadores. Não há economia, só ideologia. Aprenda. (1/n) 
Não tem essa história de PIB Público e Privado. Pior ainda é a história de que menor Estado é bom. É possível que investimentos públicos sejam ruins, mas não é sempre! Vamos lá. (2/n)
Um exemplo pro povo do Estado menor é melhor, antes de eu mostrar pq essa visão é maniqueísta. Na época da Dilma, gastamos 700 bilhões de reais e entramos em crise econômica. Isso vai contra o que a maioria dos professores de economia no Brasil ensina. (3/n)
Afinal, investimento, mesmo mal feito, deveria gerar renda que, por sua vez, levaria a investimentos privados, em um círculo virtuoso que representa o sonho do desenvolvimentismo que acometeu os formuladores de políticas públicas brasileiros no início dessa década. (4/n)
Brasil número 1, com assento no conselho de segurança da ONU, parte da OPEP, e levantando vôo na capa da revista The Economist. (5/n)
Para explicar como os sonhos de grandeza viraram o pesadelo que estamos vivendo, precisamos de um conceito ensinado em qualquer curso de economia fora do Brasil, mas que é rejeitado quase que por hipótese em muitas escolas do Brasil: crowding out. (6/n)
Esse efeito se dá qd gastos públicos deslocam investimentos privados, substituindo-os parcial ou totalmente. Se os investimentos públicos forem improdutivos, o resultado, mesmo que paradoxal à primeira vista, é: o aumento de investimentos leva a perda de bem-estar social. (7/n)
Mas tem o oposto! No crowding in, investimentos públicos produtivos criam oportunidades para investidores privados e a consequência é a de um multiplicador de investimentos que levaria a um círculo virtuoso. (8/n)
É baseado nessa ideia que o novo desenvolvimentismo do governo Dilma alocou centenas de bilhões de reais ao BNDES, estimulou milhares de projetos no Brasil com dinheiro público e a Petrobras criou o maior projeto de investimentos da história do setor petrolífero mundial. (9/n)
No auge do ufanismo e hubris do governo brasileiro, resolvemos até bancar a construção de um submarino nuclear, cujo objetivo era proteger o maravilhoso pré-sal brasileiro dos malvados imperialistas internacionais. (10/n)
Foi tudo por água abaixo, quase que literalmente. Toda essa dinheirama custeou ineficiência e corrupção em uma escala nunca antes vista nesse país. E, pra piorar, gerou crowding out que nos ajudou a afundarmos na nossa crise. Mas como crowding out surge? (11/n)
Quando o governo resolve criar projetos megalomaníacos, pega dinheiro emprestado através da emissão de títulos. Isso diminui a quantidade de recursos para investimentos privados. De forma mais simples, a taxa de juros aumenta e o investimento privado diminui. (12/n)
Investir no Brasil é caro. Uma das razões é porque o governo compete com as empresas pela pouca poupança criada no Brasil. Quando utiliza mal esses recursos, o resultado é o que vamos ainda hoje no Brasil: crise econômica com déficit e dívida pública crescentes. (13/n)
Mas crowding in também é possível! Um exemplo: imaginemos um país pobre com potencial exportador, mas sem portos. O governo toma dinheiro emprestado da sociedade para construir um porto, melhorando o acesso do país ao resto do mundo. (14/n)
Agentes privados investem em novos setores exportadores, agora que há capacidade de escoamento da produção. Investimentos públicos geram investimentos privados. (15/n)
O multiplicador Keynesiano, que gera o círculo virtuoso ensinado na maioria das Universidades brasileiras, entra em ação e todos ganham. Mas e então, qual o mais importante? Não dá pra saber a priori! Depende do contexto. (16/n)
Na patética apresentação da Secretaria de Política Econômica, o recado ideológico é claro: não existe crowding in, só crowding out. É o espelho da Dilma! Alto é baixo, down is up, esquerda é direita. Socorro! Temos ideólogos posando de técnicos. (17/n)
Economia não é ciência natural. Prescrições de políticas dependem de contexto. Sob diferentes contextos, um gasto governamental pode gerar crowding out ou crowding in. É erro achar que as oportunidades de crowding in são muitas. Mas há boas teorias pra nos direcionar! (18/n)
Achar que o governo vai saber escolher onde investir de forma a alocar recursos da sociedade de forma eficiente todo tempo é ser ingênuo. Mas dizer que não é possível é só ideologia. Separar PIB Público e Privado não faz sentido. Devemos ter mais investimento público, mas! (19/n)
Somente se for de qualidade. Gastar por gastar não dá. Se quiser aprender mais, TODO o material de apoio do meu manual de economia para não economistas está de graça aqui. Boa leitura! (20/n)
rzeidan.com/economics-of-g…
rzeidan.com/economics-of-g…
Está na hora de virarmos adultos e tratarmos os recursos públicos com seriedade. Eles são escassos. O governo tem papel importante na alocação de recursos e investimentos da sociedade. (21/n)
Parcerias público-privadas, se muito bem desenhadas, podem gerar investimentos complementares entre o setor público e privado. Há vários investimentos públicos necessários que devem ser feitos ontem! (22/n)
O caminho para sair da crise não é injetar dinheiro público, caro e escasso, e sim permitir e incentivar investimentos privados. Isso parece conselho de economista neoliberal. Não é. O governo pode nos tirar dessa situação. (23/n)
Criando regras claras, mostrando competência na gestão da coisa pública, e gerando credibilidade para que empresas locais e internacionais invistam no país. E investindo diretamente qd for o caso. Mas sem submarinos nucleares. Privado e Público juntos. Fin
