A coisa mais óbvia para qualquer analista marromenos inteligente é que a estrutura política precede a econômica, contrariando tanto os postulados marxistas quanto os liberais da ascendência de Mamon sobre o conjunto da vida social.
Uma das provas disso está no fato de q o Brasil, desde o golpe da República até hoje, já passou por 3 ditaduras, várias constituições, uma infinidade de reformas econômicas e planos monetários, ciclos de desenvolvimento distintos (cana-de-açúcar, café, borracha, aço, boi, soja),
moveu-se de uma comunidade majoritariamente rural para uma sociedade urbana industrializada e hiper-conecta, saiu do litoral e conquistou o oeste, abriu mercado, fechou mercado, namorou com o nazismo, lutou ao lado dos aliados na II Guerra, etc.,
e a estrutura política subjacente a tudo isso continua radicalmente a mesma: vários sistemas de governo, várias configurações econômicas, vários sistemas partidários, vários arranjos entre liberdade e dirigismo estatal, e a oligarquia no poder é radicalmente a mesma!
A idéia, o sonho dourado dos pseudo-pragmáticos que aconselham Bolsonaro no Planalto, dos generais Ramos acedendo aos achaques do Congresso, é de que o presidente pare de lutar contra os donos do poder e amanse, para poder passar as reformas econômicas.
Mas o que há de prático e pragmático nisso? Empenhar todo esse esforço monstruoso em reformas que serão caneteadas e revertidas pelo establishment na primeira oportunidade? Perseguir cegamente um sonho não é justamente a marca dos idealistas?
E não é um sonho acreditar que teremos reformas profundas e duradouras com uma estrutura política tão reacionária e avessa à mudanças? Não é puro idealismo acreditar que a oligarquia abrirá mão de seus privilégios sem confronto e luta?
Não é doce ilusão acreditar que o Brasil mudará verdadeiramente com reformas que dependem, no médio e longo prazo, exclusivamente do voluntarismo do establishment?
O pragmatismo dos militares palacianos é paradoxalmente a razão para q as reformas de Paulo Guedes não funcionem.
O pragmatismo dos militares palacianos é paradoxalmente a razão para q as reformas de Paulo Guedes não funcionem.
