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Efeitos econômicos negativos da crise do Corona vírus tendem a afetar mais a renda dos mais pobres. Mensuramos esses impatos a partir de um modelo de simulação no NEMEA @Cedeplar. De autoria de @edsonpaulodomin , @DeboraFreirec e Aline Magalhães. Segue o fio (longo!). 1/25
Antes dos impactos econômicos neg. que podem ocorrer com a crise do COVID-19, o Brasil já apresentava dificuldades no processo de recuperação econômica, com baixo crescimento e dificuldades de reaquecer o mercado de trabalho. No fim de 2019, a tx de desemprego era de 11,9%. 2/25
Com a chegada do COVID-19 e os impactos diretos e indiretos que potencialmente ocorrerão (queda da demanda, paralisação de atividades produtivas, redução de investimentos, queda no comércio mundial e redução de exportações, instabilidade nos mercados financeiros)... 3/25
...é esperado que, neste ano, o crescimento do PIB novamente decepcione (podendo até mesmo ser negativo) e que o desemprego aumente. 4/25
Uma questão importante, mas pouco destacada, é que a queda no emprego afeta indivíduos, ou famílias, de forma heterogênea. Neste momento, onde é imprescindível pensar ações de enfrentamento por parte do poder público, é fundamental avaliarmos como se dão esses efeitos. 5/25
Projetamos os impactos de queda em 0,1% sobre o emprego e de -0,14% no PIB da economia brasileira sobre a renda disponível das famílias, por 11 classes de renda. 6/25
Para tal, utilizamos o modelo BRIGHT, um modelo de simulação, apresentado na Tese de Doutorado da Prof. Débora Freire, tese vencedora do Prêmio BNDES de Economia em 2018. 7/25
Este modelo conecta setores produtivos, famílias, Governo, setor externo e capta a distribuição da renda gerada pelos setores produtivos e as transferências governamentais às famílias no Brasil. 8/25
As projeções apontam que a queda de -0,14% no PIB se relaciona a -0,11% no emprego da economia brasileira, o que teria um efeito de -0,117% na renda disponível das famílias. 9/25
Estes resultados podem ser usados para parametrizar outros cenários de queda de atividade. Por exemplo, a queda de 1% no emprego se relacionaria a -1,4% no PIB e -1,1% na renda disponível. 10/25
Estes resultados podem ser usados para parametrizar outros cenários de queda de atividade. Por exemplo, a queda de 1% no emprego se relacionaria a -1,4% no PIB e -1,1% na renda disponível. 11/25
Mais importante que estes números é o resultado de cenários recessivos sobre os diferentes grupos de famílias, como mostra a Tabela 1. 12/25
Se analisamos o efeito em cada classe de renda em relação ao efeito médio, observamos que famílias mais pobres (H1) tem efeito negativo 20% maior que a média. Famílias de classes média e alta tendem a perder menos e próximo à média. 13/25
Esses resultados mostram a necessidade de se pensar ações de enfretamento focalizadas nos mais pobres, que absorvem o efeito mais pronunciado de uma redução da atividade econômica e, consequentemente, do emprego. 14/25
Para além dos efeitos mostrados pelos resultados do modelo, há de se considerar a maior vulnerabilidade das classes mais baixas de renda, que dependem fundamentalmente de transporte público, vivem em condições precárias e grande parte estão na informalidade. 15/25
Economistas têm argumentando a favor de pagamentos diretos para pessoas, sem reembolso, como uma das medidas anticíclicas necessárias neste contexto de crise, especialmente para famílias mais pobres. 16/25
Gregory Mankiw apontou que o governo americano deveria enviar cheques de US$1.000 para o alívio dos mais pobres no país .O Gov. de Portugal tb anunciou que garantiria a renda de profissionais autônomos que não possam trabalhar devido a medidas de restrições. 17/25
A economista e Profa. Mônica de Bolle (@bollemdb), apontou em sua página algumas medidas que considera necessárias para o Brasil: 1) Alocação de quantos recursos forem necessários para o SUS; 2) Aumento da dotação de recursos para o Bolsa Família; 18/25
3) Renda básica universal para vulneráveis + impactados: informais, idosos vulneráveis, pessoas em trabalho precário; 3) aumento da liquidez e recursos para peq. e médias empresas via BNDES; 4) Invest. em infraestrutura para sustentação da demanda de forma mais imediata. 19/25
Para isso, seria necessário a flexibilização da meta fiscal e suspensão temporária do teto de gastos (Segundo De Bolle, por 2 anos). @bollemdb frisa que o ef. de uma depressão pode ser ainda mais deletério para o equilíbrio fiscal do que um aumento da dívida/PIB no CP. 20/25
Nossas proj. de impactos na renda das famílias advindos da queda do emprego reiteram essa análise e colocam como central as medidas de proteção social dos mais vulneráveis e o estímulo à demanda via Investimento público. 21/25
Defendíamos o aprimoramento da regra do teto de gastos, com um subteto para o investimento e com a garantia de vinculação e progres. dos gastos com saúde e educ. públ., antes do efeito COVID-19.Em 2019, apontamos em um estudo proj. de aumento da desigualdade devido ao teto.22/25
Reiteramos aqui nossa posição. Acreditamos que há amplo espaço para debatermos a melhor forma de se fazer isso. Discussões dogmáticas a respeito do Estado x Setor privado tem que dar espaço, no momento, para medidas efetivas de contenção dos efeitos deletérios da crise. 23/25
A consolidação de regras fiscais e de reformas estrut. é mto importante, mas, no momento, o ajuste precisa ser gradual.O desenvolv. de instrumentos de fiscalização e de aprimoramento do gasto públ., que aumentem sua eficiência, deve ser implementado nesse processo. 24/25
Isso não significa exaurir a capacidade do Estado em fazer política contracíclica, redistr. renda e proteger os mais vulneráveis. No caso do Corona e da possível recessão econômica, não é possível abdicar de uma pol. fiscal ativa, espec. nas condições atuais de desemprego. 25/25
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