Thread by @nelsonhbarbosa

1/ A "Economia da Quarentena"

Agora que todos se convenceram da necessidade de transferência de $ para garantir renda durante o período de confinamento, a próxima pergunta é: haverá bens e serviços para comprar com o $ transferido?

Nesse ponto que economistas podem/devem ajudar

2/ Se o confinamento durar pouco, a economia pode se recuperar sem grande necessidade de atuação do Estado na oferta de bens e serviços.

Se durar muito, será necessário garantir a oferta de bens básicos (a la Leontief e Sraffa) e bens de consumo essenciais, por várias semanas.

3/ Mas quais são os bens essenciais? Novamente economistas podem ajudar, usando a Matriz Insumo Produto para calcular o vetor de produção necessário para sustentar nível essencial de consumo.

Ainda não estamos lá, mas nós economistas devemos avaliar isso já.

4/ Já contatei Cedeplar e UFRJ sobre o assunto, e @lauraabcarvalho pode ver na USP. O @FGVIBRE está obviamente dentro da cooperação.

Tomara que o confinamento não precise durar muito, mas se durar, alguma espécie de coordenação será necessária pelo governo, a nível nacional.

5/ A "economia da quarentena" é diferente da "economia de guerra", pois na quarentena uma parte da população trabalha enquanto o resto fica em isolamento.

O ponto comum é que nos dois casos o mercado sozinho pode piorar a situação, daí a necessidade de coordenação pelo governo.

6/ Minha sugestão, e vou falar economês, usar a estimativa mais recente de MIP, baseada na TRU 2017, p/calcular as implicações de diferentes vetores de "consumo sob quarentena", tanto do ponto de vista produtivo quanto distributivo, com desagregação regional.

Teoricamente...

7/ ... A SPE&IPEA do Ministério da Economia poderiam coordenar, mas acho que eles ainda devem estar ocupados estudando "misallocation". Assim, o jeito é começar pelos centros de pesquisa mesmo, com troca de informações para agilizar os resultados.

E antes que alguém pergunte...

8/ ... inventar mais um DSGE não ajuda muito neste momento. O que precisamos é de um CGE, com coeficientes fixos e variáveis, que melhor reflita a estrutura da economia brasileira para simular os efeitos e necessidades da "economia da quarentena".

Mãos à obra!