O discurso de alguns empresários de oposição entre economia e saúde é uma falsa dicotomia. Eles estão reclamando dos custos de curto prazo e não veem o benefício de mais longo prazo. Nesse fio, eu explico o porquê. 🧶
É impossível calcular o valor de uma vida. Mas há um aspecto econômico calculável: a perda de capacidade produtiva pela redução da força de trabalho. Qdo eu trabalhei no @planalto, nossa equipe estimou um limite inferior (subestimado) para isso: ~R$630.000 por cada vida perdida.
Se o pior cenário do Min da Saúde se concretizasse, teríamos até até 60% (contaminação) * 1% (mortalidade) * 210mi = 1,26 mi de mortos. Combinando essas duas estimativas, a gente chega num valor de ~R$ 800 bilhões. Ilustração: grandes perdas humanas = grandes perdas econômicas.
Seguir as recomendações dos epidemiologistas e fazer um esforço de desligar o motor da economia no curto prazo contém as perdas humanas e econômicas de longo prazo. Nesse tempo, políticas econômicas devem suavizar o consumo e preservar capacidade produtiva
Quanto mais eficiente for o governo em controlar a pandemia, menores vão ser as perdas de longo prazo. O Japão, que conseguiu limitar os efeitos da epidemia, pagou os custos de curto prazo de um lockdown mas já está voltando à normalidade. asia.nikkei.com/Spotlight/Coro…
Por isso, é preciso não cair na falsa dicotomia que alguns querem levantar. Ninguém está falando em parar a economia por um ano, o que seria claramente inviável. É um esforço no curto prazo para limitar perdas - econômicas e, mais importante, humanas.
