Thread by @_LuckyBastard

Pessoas estão morrendo lentamente sem poder se despedir dos familiares. Sendo enterradas às pressas, sem velório.
A dor de mortes assim é muito mais atroz do que de mortes normais, de mortes inevitáveis. O peso dessas será muito maior. Para as famílias e para a sociedade.

O Brasil não aguentou dois dias de lockdown oficial. Seis, no máximo, para alguns setores. Somos uma piada. Contada por um bufão.
Querer uma volta à normalidade (que sequer abandonamos de fato) tão cedo é uma insanidade. Isso vai custar muito mais caro lá na frente.

Não havendo lockdown dos setores não-essenciais por bem, vai haver por mal. Será impossível ignorar a pilha de corpos ali ao lado. As pessoas vão se deparar com a realidade. O sujeito vai confiar cegamente na cloroquina, sair pra trabalhar e contaminar a mãe. Que não vai ter UTI.

“Ah, mas a economia”. Bom, essa vai se lascar de qualquer jeito. Sem lockdown preventivo, o dano econômico do lockdown motivado por pânico será muito mais pungente. Cidades que implementam distanciamento social maciço preventivo em pandemias se recuperam mais rápido, depois.

Lockdown preventivo não causa o trauma econômico de uma guerra tradicional, com destruição de infraestrutura, massacre da parcela mais jovem, rompimento total das cadeias produtivas, destruição de recursos. Tampouco o trauma de uma crise sistêmica como a de 2008. É uma pausa.

A economia volta a girar com ainda mais intensidade depois. No caso do Brasil, para isso serão necessárias reformas contundentes e urgentes. Mais do que nunca, é claro. Mas terão de vir em qualquer circunstância. Que seja com menos cadáveres enterrados às pressas.

Já não é mais possível confiar integralmente nos números oficiais do Ministério da Saúde. Há diversos relatos de agentes de saúde sobre as mortes estarem sendo subnotificadas. E quando o presidente faz disso tudo uma briga de egos, números oficiais têm menos credibilidade ainda.

Decidam por si mesmos, porque é evidente que não temos comando e lideranças sérias. Pesem todos os aspectos envolvidos e deixem suas consciências desapaixonadas falarem mais alto.

Vou adorar estar errado, mas sei não...