Thread by @lucasmafaldo

A nova direita tem seus defeitos para lá de evidentes, mas a grande questão dessa eleição é que a esquerda petista foi tomada por socialistas messiânicos.

Quem fala sobre política (principalmente gente boa na esquerda), precisa prestar bastante atenção nesse fenômeno.

Os socialistas messiânicos estão absolutamente convencidos de que o paraíso na terra começará no momento em que eles tiverem poder total. A consequência dessa convicção é que TUDO que apressar esse dia vale a pena: golpes, mentiras, destruição da linguagem, etc.

O problema não são nem as propostas do PT nem as suas ideias -- o problema é a personalidade que serve de veículo ao movimento.

Essa personalidade destrói até quem está na esquerda e deixa de ser conveniente para o movimento -- como aconteceu com Marina em 2014 e Ciro em 2018.

Existe muita gente decente que se define como esquerda porque cai no ciclo de mentiras espalhado pelos messiânicos. Afinal, em tempo integral, essa turma fica espalhando fake news, fake history e fake culture. É distorção em cima de distorção, criando um clima geral de confusão.

Paradoxalmente, é o mesmo clima que gera o direitista bronco que sai gritando "comunista" alucinadamente. São pessoas sem o preparo para o debate intelectual, mas que tiveram a intuição correta de que os messiânicos estão no centro de um monte de sacanagens.

Sei que esse raciocínio parece maluco, mas é porque... os messiânicos são malucos. E isso faz parte da proteção deles: eles são tão insanos que não conseguimos acreditar no que eles fazem, pois não parece ser possível existir alguém tão insano assim.

Para dar alguns exemplos: o PT que disse que impeachment é golpe certamente certamente já tem uma equipe trabalhando no impeachment de Bolsonaro. O PT que declarou que fake news é suficiente para cancelar as eleições diariamente cria novas fake news.

É tanta contradição que as pessoas sensatas ficam tontas e desistem da discussão. E, ao fazer isso, os messiânicos assumem os principais postos de cultura e continuam criando o clima intelectual que ditará todo o restante do debate público.

A partir desse ponto, mesmo quem não é messiânico começa a argumentar A PARTIR de princípios absurdos, ora por automatismo, ora por medo de bater de frente com a loucura ambiente.

E, ao fazer isso, a cultura maluca continua se perpetuando -- fazendo com que os dissidentes...

... pareçam ainda mais loucos, criando um sistema onde o messianismo se torna cada vez mais forte.

Não acho que é coincidência alguma que pouquíssimas pessoas leiam no Brasil. A maior parte da população percebe que não tem nada a ganhar ao participar do debate público.

Essa eleição tem realmente a cara de uma "maioria silenciosa" se revoltando contra a classe intelectual.

Porém, embora se livrar dos messiânicos sejam um claro benefício, eu entendo quem não está otimista: não parece que a sociedade brasileira tem um bom substituto para eles.

Do mesmo modo que o problema não é uma ideologia política, a solução não é outra.

Uma sociedade se faz com personalidades bem formadas e equilibradas -- com inteligência e virtude. É isso que está em falta.