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Também falamos mais cedo no @SporTV sobre a condição financeira do Flamengo após Rodrigo Caio, Gabigol e Arrascaeta. Vai quebrar? De onde vem o dinheiro? Ainda há grana para mais contratações? Você me desculpe pela segunda thread num dia só, mas preciso te mostrar alguns números.
A base para entendermos o Flamengo em 2019 é o orçamento, feito em novembro pela direção anterior, de Eduardo Bandeira de Mello. Vamos olhar para o fluxo de caixa, a previsão de todo o dinheiro que efetivamente entrará e sairá dos cofres rubro-negros no decorrer da temporada. 
Entre receitas, o Flamengo colocou previsões que batem com o histórico recente, mas não deixam de ser agressivas. A projeção na vendas de atletas foi em parte obtida com a venda do Paquetá, mas ainda há R$ 70 milhões a realizar. Ou seja, o torcedor pode esperar por alguma saída.
Na linha de patrocínios, R$ 25 milhões se referem ao patrocínio da Caixa, que talvez não seja renovado por decisão do novo governo federal. O clube vem tocando negociações desde o ano passado para ter um substituto engatilhado, caso o contrato realmente acabe. Há um risco aí.
Nas saídas, se ligue na linha da "despesa direta". Ela tem tudo o que o Flamengo pagará no cotidiano, incluindo salários de jogadores. Gabigol é quem mais vai elevar esta despesa. Por mais que ela conte com R$ 55 milhões adicionais para 2019, é possível que suba mais do que isso.
A ideia da atual diretoria do Flamengo é não estourar as "despesas diretas". Isso vai exigir remanejamento. Geuvânio e Marlos Moreno liberam parte desta verba. Talvez Diego renove por um valor mais baixo, talvez saia do elenco. A recomposição é a chave para não gastar demais ali.
Agora dá uma olhada na linha "investimentos". São R$ 244 milhões para equipamentos/softwares, obras de infraestrutura e principalmente contratações de novos jogadores. Esta é a primeira vez que o Flamengo tem tanto dinheiro para gastar desde que começou a se reestruturar em 2013.
Dos R$ 220 milhões direcionados a contratações de jogadores, R$ 100 milhões estavam livres para gastar. O resto foi comprometido no fim do ano passado para contratar Vitinho, comprar a outra metade de Rodinei etc. É desta linha que saiu a grana para Rodrigo Caio e Arrascaeta.
Faz uma conta grosseira aqui comigo. Se o Flamengo comprometeu R$ 22 milhões com Rodrigo Caio e R$ 64 milhões com Arrascaeta, arredondando, significa que daquela reserva para investimentos ainda sobram R$ 14 milhões. No papel, é o que há para gastar. Na prática, o limite é maior.
Como o Flamengo hoje tem credibilidade, banco sabe que, se emprestar, vai receber de volta. Isso faz com que as taxas de juros caiam. A nova diretoria, então, mantém aberta a possibilidade de pegar crédito no mercado para novas contratações. Além dos R$ 14 milhões remanescentes.
Qual é a vantagem de agir tão rápido no mercado de transferências? O Flamengo entra na pré-temporada com um elenco praticamente pronto, acelera na adaptação dos atletas ao clube, facilita a vida do Abel Braga. As compras espaçadas foram um problema identificado nos últimos anos.
O Flamengo não quebra. Nada do que foi anunciado diverge muito do que foi orçado. A nova diretoria tem sido agressiva, mas não irresponsável. Há riscos, como os que alertei nos tuítes acima, e há a perspectiva do melhor ano rubro-negro em muito tempo. Vamos ver no que vai dar.
