,
11 tweets,
3 min read
Read on Twitter
Falamos mais cedo no @SporTV sobre a receita líquida de R$ 13 mil que o Flamengo teve na estreia do estadual, apesar das mais de 46 mil pessoas no Maracanã, e muita gente ficou com dúvida sobre motivos e circunstâncias. Acho que vale aquela boa e velha thread para esclarecer.
O principal motivo da receita líquida tão baixa é o custo do Maracanã, em especial o "aluguel" cobrado pela Odebrecht – a empresa responsável por administrar o equipamento público. A nossa base para análise são os borderôs publicados pelas federações em seus sites oficiais, ok?
A Odebrecht cobrou R$ 270 mil do Flamengo, que correspondem à soma das linhas "aluguel" e "contas de consumo" – lembre-se deste valor para fazermos comparações, beleza? Também repare no "custo de infraestrutura". Nele, estão fornecedores que a construtora contrata e o clube paga. 
A primeira comparação é com o borderô do Fluminense, que também estreou no estadual e pagou apenas R$ 100 mil de aluguel à Odebrecht. Por que a diferença? Como o clube tinha contrato de 35 anos com a construtora, tem esta carta para barganhar e conseguir um acordo mais vantajoso.
A Odebrecht largou a administração do Maracanã quando notou que, sem construir o shopping que previa no entorno, o negócio não parava em pé. Hoje, só cede ao Fluminense porque está em desvantagem jurídica contra ele. E usa o Flamengo para tirar todo dinheiro possível do estádio.
Eis a primeira pausa para reflexão: de quem é a responsabilidade? Do governo do estado do Rio de Janeiro. O poder público tem como prerrogativa acompanhar a concessão do bem, o Maracanã, e se certificar de que ele não está sendo mal utilizado pela concessionária. Mas não o faz.
Outra comparação funciona com o São Paulo, cuja estreia no estadual se deu no Pacaembu – também com aluguel. O clube pagou R$ 100 mil à prefeitura, equivalentes a 15% da receita bruta com bilheterias. O aluguel de R$ 270 mil do Flamengo dão 25% da renda. Tem coisa errada aí, né?
O paralelo entre São Paulo e Flamengo também nos joga noutro ponto, as federações. Enquanto paulistas pagaram taxa de 5% sobre a receita bruta para a FPF, os cariocas repassaram quase 10% para a FFERJ. Por que a discrepância? Por que a federação carioca fica com percentual maior?
Abre-se aí a segunda pausa. Quando a federação sai da partida com receita líquida maior do que a do mandante, tem coisa errada. Quer uma ideia? Aplica a taxa sobre a receita líquida. Vai dar pouca coisa para a federação? Vai, mas é para dar pouco mesmo. O futebol é dos clubes.
Aí o torcedor flamenguista olha para as circunstâncias e chega à conclusão: coitado do meu clube. Aqui entre nós, não vá se irritar. Sem coitadismo. O Flamengo está nesta situação porque nunca em sua história seus dirigentes deram importância à construção de um estádio próprio.
Passaram-se décadas em que rivais investiram em infraestrutura, enquanto clubes cariocas só queimaram dinheiro em jogadores. Se o Flamengo hoje está numa situação privilegiada, ótimo, chegou a hora de planejar o estádio próprio. Só assim ficará menos vulnerável às circunstâncias.
