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DA LAMA À LAMA

PARTE I
A história da mineração em um país que repete erros.

Siga a thread.

📷 Divulgação e Pedro Ladeira/Folhapress
“Um tsunami de lama destruiu casas, arrastou carros e caminhões e deixou mortos após barragens de uma mineradora se romperem”.

bit.ly/2Sh0C7s

📷 Moacyr Lopes Junior/Folhapress
É impossível saber a que se refere o tuíte acima: Mariana ou Brumadinho? Trata-se do parágrafo inicial do nosso texto da Folha em 5 de novembro de 2015, mas poderia perfeitamente ser a abertura da reportagem de 25 de janeiro de 2019.

bit.ly/2Sh0C7s

📷 Divulgação
Não só roteiro e cenário são os mesmos, como também os personagens dessa história: Vale, agentes públicos e privados e o povo mineiro, as únicas vítimas dessa história.

bit.ly/2Sh0C7s

📷 Moacyr Lopes Junior/Eduardo Anizelli/Folhapress
O estado de Minas Gerais carrega em seu nome e em sua história uma relação com a mineração que nenhum outro tem. A descoberta de ouro, no final do século XVII, mudaria para sempre a região e o país.

📷 Pintura de John Mawe, 1812
O Brasil tinha como principal atividade econômica até então o extrativismo do pau-brasil. O início da mineração provocaria uma corrida para a região que compreende cidades como Ouro Preto, Mariana, São João del Rey, Tiradentes, dentre outras.

📷 Wikimedia
A Coroa portuguesa passou a explorar a área e enriqueceu com formas rígidas de arrecadação de impostos, como quinto, derrama, capitação.

📷 Douglas Cometti/Folhapress
O ciclo do ouro, contudo, começou a esgotar-se em meados do séc. XVIII. Como a arrecadação diminuía, a Coroa ampliou cobranças, o que gerou uma onda de insatisfação que desembocaria na história de Tiradentes e da Inconfidência Mineira.

📷 Museu Histórico Nacional/Divulgação
Sem muitas novidades no Brasil Império, avançamos mais de um século. A Constituição de 1891 adotou o sistema americano de acessão, em que o dono da mina era o dono da terra na qual ela se encontrava, para estimular a exploração dos minérios pelos proprietários.

📷Divulgação
O mundo vivia uma época de grandes mudanças tecnológicas, o que abriu espaço para extração e utilização de diversos minerais, como o minério de ferro. Jazidas de ferro abandonadas passaram a ser exploradas na Europa e nos EUA.

📷Dado Galdieri/Bloomberg
No Brasil do início do século XX, a fundição do ferro dava-se apenas em escala pequena. As reservas dos minerais encontravam-se distantes dos grandes mercados potenciais, como Rio, São Paulo e Nordeste, o que não entusiasmou muito a elite econômica da época.

📷Agência Vale
O presidente Nilo Peçanha, em 1909, foi o primeiro a mudar esse panorama, ao enviar mensagem ao Congresso Nacional encorajando a produção interna de ferro e aço.

📷Reprodução
Em 1910, um decreto concedia favores e privilégios a empresas e indivíduos, nacionais ou estrangeiros, que se dispusessem a instalar estabelecimentos siderúrgicos no Brasil.

📷Eduardo Knapp/Folhapress
A 1ª Guerra Mundial (1914-1918) viria consolidar esse cenário. O conflito dificultou a importação de ferro e aço, o que provocou escassez dos produtos no país e escancarou a necessidade do Brasil aproveitar seus recursos naturais e expandir sua economia.

📷Reuters
Empresas estrangeiras, principalmente da Europa e dos EUA, olharam para o Brasil. Houve uma reação nacionalista por aqui, o que acarretou uma longa disputa legal e ideológica.

📷Ricardo Borges/Folhapress
Com Getúlio Vargas na presidência, expandiu-se a intervenção do Estado na economia. A Constituição de 1937 vetaria qualquer aproveitamento industrial das minas e jazidas por companhias estrangeiras.

📷Divulgação
Em 1941, surgiria a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ), e, no ano seguinte, a Companhia Vale do Rio Doce, em Itabira (MG).

📷Divulgação
A mineração nunca saiu da pauta do Brasil, afinal, adquiria um papel crescente no PIB. Em 1950, representava 0,4% do nosso Produto Interno Bruto, passou a 1% em 1980 e dos anos 2000 em diante ultrapassou os 4%.

📷 Vale
Nos anos 90, FHC liderou uma série de privatizações em áreas estratégicas do país, como energia e telecomunicações.

📷 Keiny Andrade/Folhapress
A privatização da Vale aconteceu em maio de 1997. O consórcio Brasil, liderado pela CSN, de Benjamin Steinbruch, adquiriu o controle acionário por pouco mais de R$ 3 bilhões.

📷Divulgação
O resultado do leilão causou surpresa. O consórcio favorito era o Valecom, liderado pelo Grupo Votorantim, de Antônio Ermírio de Moraes. A privatização ficou marcada por um relato de cobrança de propina.

📷Divulgação
Houve protestos pelo Brasil, liderados por sindicatos e movimentos como o MST, que consideraram o valor “preço de banana”. “A Vale não se vende, FHC, ela é do povo” e “Se luta porque vale” eram algumas das mensagens vistas.

📷Rosane Marinho/Folhapress
Fim da parte I. Nos próximos dias:

Parte II: Mariana, a maior tragédia ambiental do Brasil.

Parte III: Recursos, recursos, e mais recursos: a lenta Justiça brasileira.

Parte IV: Brumadinho, uma tragédia anunciada.
Parte II:

Mariana, a maior tragédia ambiental do Brasil.
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