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1 - Como eu vejo a coisa, sem saber ainda se a resposta foi correta ou não, o PR tentou resolver um dilema de confiança, que envolvia, diretamente, a possibilidade de uma greve iminente dos caminhoneiros, cujo movimento vem sendo monitorado de perto desde o início do ano.
2 - A possibilidade de vir a acontecer algo assim já foi, inclusive, documentada pela mesma imprensa que agora faz alarde. E todos, nas redações e em Brasília, sabem que a origem da instabilidade vem de adeptos e políticos da extrema esquerda com fortes conexões no setor.
3 - Faz pouco mais de uma semana que o governo elencou uma série de medidas para acalmar a categoria. Elas incluíam, inclusive, proteções específicas contra a imprevisibilidade dos aumentos, como um cartão que garantia o preço pelo início do frete. Até aí, ninguém reclamou.
4 - E isso pelos motivos óbvios. Não há estabilidade econômica ou política nenhuma possível com uma nova greve. Os prejuízos seriam irreparáveis, comprometendo, inclusive, a previdência. E todos sabem que não existe dispositivo legal para forçar autônomos a trabalhar.
5 - O problema, então, parece ter sido de timing. O aumento do Diesel, pesado, veio antes que as medidas prometidas fossem implementadas. E o fato de Temer, em parte por intervenção do STF, não ter cumprido os acordos anteriores, desgastou a credibilidade da política nesse jogo.
6 - Sem credibilidade, não há voto de confiança possível. Sem voto de confiança, promessas não servem para nada. E a greve terminaria, com grandes probabilidades, deflagrada, para alegria do PT, do PSOL, da esquerda inteira e de setores com interesses inconfessáveis.
7 - Com um vice insinuando sem qualquer discrição ambição de poder, o caos político é tudo o que certa milicada e setores do establishment desejam. Porque, todo golpista bem sabe, greve de caminhoneiro tem potencial tremendo de derrubar governo. Allende que o diga.
8 - E entre os grevistas do ano passado, não esqueçamos de um dos subgrupos mais fortes: os intervencionistas. E o que é o intervencionismo militar senão um grupelho de oportunistas alimentado por certos generais da reserva que não tem coragem de se expor publicamente?
9 - O que o PR parece ter feito foi, portanto, escolher pelo freio. E por isso disse que não vai segurar sistematicamente os preços, como aconteceu com Dilma no setor elétrico. Possivelmente, o que quer é acelerar as medidas, incluindo a emissão dos cartões, para acalmar a classe
10 - E desmoralizar golpistas à esquerda e à direita. No bojo, já prometeu expor a questão para jogar os governadores na roda. Ou seja, quer aproveitar o potencial de revolta tributária do movimento, presente até hoje, para converter em prol daquilo que pretende implementar.
11 - Parece ter preferido um prejuízo ao outro, para depois redirecionar a energia para quem deve e tem de ser vendido como vilão: os impostos estaduais sobre combustíveis, alvos da reforma tributária. Se acerta ou não, o tempo dirá, não a variação momentânea das ações na Bolsa.
