Thread by @aventuras_js

CORTES não são pra serem elogiados. Nos bons tempos eles não ocorrem.

Mas os cortes evidenciam problemas profundos dos quais ninguém, ou quase ninguém, fala.

Por exemplo, quem reclama do atual esquema de alocação de verbas? Este é um problema muito grave.

Por lei, é obrigatório pagar os funcionários de uma autarquia ou órgão público. E muitas vezes esta folha de pagamento, que inclui os INATIVOS, supera 90% do orçamento das instituições: daí sobra quase nada para as instituições funcionarem.

Ou seja, no Brasil a prioridade dos órgãos públicos não é a alegada atividade-fim, mas as respectivas folhas de pagamento. Vamos parar pra pensar um pouco o que isso significa?

Significa, por exemplo, que se uma Uni Federal gasta uns 95% do orçamento com folha de pagamento, ela só tem 5% pra investir em infraestrutura, manutenção, laboratórios, estudos de campo, hospitais universitários, etc, etc, etc

Como, por lei, não pode deixar de pagar Funça, os órgãos públicos sob corte deixam de funcionar, de atender às alegadas atividades-fim, mas continuam pagando funcionários: porque eles são a prioridade. E demitir Funça fica entre o muito difícil ao impossível, pelas leis.

Então, por exemplo, temos a CAPES. Bolsa de geral foi cortada: e isso é uma desgraça! Tem gente séria que ficou sem bolsa, não só gente da turma do Banheirão.

Mas sabe quem não ficou sem pagamento? Isso mesmo, os Funças da CAPES !!!

A CAPES serve, em tese, pra financiar Pesquisa, Desenvolvimento e Extensão no país, mas diante de um corte nem tão imenso, embora substancial, ela deixa de funcionar — de financiar P&E e E — mas não deixa de pagar Funças.

E isso ocorre com a Polícia, com os Hospitais, com os órgãos de fiscalização ambiental, com as Universidades, com tudo. E estes Funças, em sua enorme maioria, são o quê? Contrários à Reforma da Previdência e nem admitem rever as leis orçamentárias... Por que será?

Numa situação ideal não haveria cortes e, embora necessários, tamanha nossa crise fiscal, estes cortes propostos não são exatamente desenhados da melhor forma possível. Mas eles desnudam um problema grave que "todo mundo" finge não ver.