A comparação (ou símile) é uma figura de linguagem que está na categoria de figuras de palavras.
Ela é determinada por meio da relação de similaridade, ou seja, pela comparação de dois termos ou ideias num enunciado.
É muito comum o emprego da comparação na linguagem informal (coloquial) e nos textos artísticos, por exemplo, na música, na literatura e no teatro.
Para compreender melhor a figura de linguagem comparação, confira abaixo alguns exemplos na literatura e na música:
“Meu amor me ensinou a ser simples COMO um largo de igreja.” (Oswald de Andrade)
“A vida vem em ondas,/COMO um mar/Num indo e vindo/infinito.” (Música “Como uma onda” de Lulu Santos)
É muito comum haver confusão entre as figuras de palavras: comparação e metáfora. Apesar de ambas utilizarem uma analogia entre termos, elas são diferentes.
Assim, a metáfora não utiliza um elemento comparativo, como acontece na comparação.
Nossa vida tem sido um mar de rosas. (metáfora ou comparação implícita)
Nossa vida tem sido COMO um mar de rosas. (comparação ou comparação explícita)
Dependendo da sua função, elas são classificadas em:
Metáfora
A metáfora representa uma comparação de palavras com significados diferentes e cujo termo comparativo fica subentendido na frase.
Exemplo: A vida é uma nuvem que voa. (A vida é como uma nuvem que voa.)
Chamada de comparação explícita, ao contrário da metáfora, neste caso são utilizados conectivos de comparação (como, assim, tal qual).
Exemplo: Seus olhos são COMO jabuticabas.
A metonímia é a transposição de significados considerando parte pelo todo, autor pela obra.
Exemplo: Costumava ler Shakespeare. (Costumava ler as obras de Shakespeare.)
A catacrese representa o emprego impróprio de uma palavra por não existir outra mais específica.
Exemplo: Embarcou há pouco no avião.
Embarcar é colocar-se a bordo de um barco, mas como não há um termo específico para o avião, embarcar é o utilizado.
A sinestesia acontece pela associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes.
Exemplo: Com aquele olhos frios, disse que não gostava mais da namorada.
A frieza está associada ao tato e não à visão.
A perífrase, também chamada de antonomásia, é a substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique.
Exemplo: O rugido do rei das selvas é ouvido a uma distância de 8 quilômetros. (O rugido do leão é ouvido a uma distância de 8 quilômetros.)
Hipérbole
A hipérbole corresponde ao exagero intencional na expressão.
Exemplo: Quase morri de estudar.
O eufemismo é utilizado para suavizar o discurso.
Exemplo: Entregou a alma a Deus.
Acima, a frase informa a morte de alguém.
O litote representa uma forma de suavizar uma ideia. Neste sentido, assemelha-se ao eufemismo, bem como é a oposição da hipérbole.
Pelo discurso, percebemos que apesar de as suas companhias não serem más, também não são boas.
A ironia é a representação do contrário daquilo que se afirma.
Exemplo: É tão inteligente que não acerta nada.
A personificação ou prosopopeia é a atribuição de qualidades e sentimentos humanos aos seres irracionais.
Exemplo: O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
A antítese é o uso de termos que têm sentidos opostos.
Exemplo: Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a paz.
O paradoxo representa o uso de ideias que têm sentidos opostos, não apenas de termos (tal como no caso da antítese).
Exemplo: Estou cego de amor e vejo o quanto isso é bom.
Como é possível alguém estar cego e ver?
A gradação é a apresentação de ideias que progridem de forma crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax).
Exemplo: Inicialmente calma, depois apenas controlada, até o ponto de total nervosismo.
A apóstrofe é a interpelação feita com ênfase.
Exemplo: Ó céus, é preciso chover mais?
Elipse
A elipse é a omissão de uma palavra que se identifica de forma fácil.
Exemplo: Tomara você me entenda (Tomara que você me entenda).
A zeugma é a omissão de uma palavra pelo fato de ela já ter sido usada antes.
Exemplo: Fiz a introdução, ele a conclusão. (Fiz a introdução, ele fez a conclusão.)
O hipérbato é a alteração da ordem direta da oração.
Exemplo: São como uns anjos os seus alunos. (Os seus alunos são como uns anjos.)
O polissíndeto é o uso repetido de conectivos.
Exemplo: As crianças falavam e cantavam e riam felizes.
O assíndeto representa a omissão de conectivos, sendo o contrário do polissíndeto.
Exemplo: Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.
o anacoluto é a mudança repentina na estrutura da frase.
Exemplo: Eu, parece que estou ficando zonzo. (Parece que eu estou ficando zonzo.)
Pleonasmo é a repetição da palavra ou da ideia contida nela para intensificar o significado.
Exemplo: A mim me parece que isso está errado. (Parece-me que isto está errado.)
A silepse é a concordância com o que se entende e não com o que está implícito. Ela é classificada em: silepse de gênero, de número e de pessoa.
Exemplos:
Vivemos na bonita e agitada São Paulo. (silepse de gênero: Vivemos na bonita e agitada cidade de São Paulo.)
Todos terminamos os exercícios. (silepse de pessoa: neste caso concordância com nós, em vez de eles: Todos terminaram os exercícios)
A anáfora é a repetição de uma ou mais palavras de forma regular.
Exemplo: Se você sair, se você ficar, se você quiser esperar. Se você “qualquer coisa”, eu estarei aqui sempre para você.
Aliteração
A aliteração é a repetição de sons consonantais.
Exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Paronomásia é a repetição de palavras cujos sons são parecidos.
Exemplo: O cavaleiro, muito cavalheiro, conquistou a donzela. (cavaleiro = homem que anda a cavalo, cavalheiro = homem gentil)
A assonância é a repetição de sons vocálicos.
Exemplo:
"O que o vago e incógnito desejo
de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa)
Onomatopeia é a inserção de palavras no discurso que imitam sons.
Exemplo: Não aguento o tic-tac desse relógio.