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O “Democracia em Vertigem” já rendeu um primeiro debate em minha TL. E eu me permitirei participar dele — mesmo sem ter sido convidado.
Já há um tempo percebo que buscamos respostas simples para fenômenos complexos. De alguma forma, ficamos confortáveis com a possibilidade de Orlando Silva pagar uma tapioca em dinheiro e a realidade hoje ser outra.
A narrativa oficial remete a pedaladas fiscais. A oficiosa, a golpe. Uma amiga entende que o impeachment de Dilma nasceu de um trabalho incômodo da CGU. Eu tendo a ver um racha interno do PT como fio principal.
Se há um fator novo que mexeu com a política, creio que podemos concordar que se chama internet. A crise foi se intensificando na medida em que a população passou a ter acesso facilitado às redes sociais.
Mas esses fator novo e simples traz toda uma complexidade nas costas. Aqui temos desde o velho doido que acredita em Terra Plana ao jovem que vive pra consumir o que há de mais pop na música oriental.
Grosseiramente, posso resumir a tese do documentário como o PT cedendo ao establishment para, quando pego em pecado, o establishment largar a culpa no colo do PT.
Ironicamente, a leitura parece dialogar com a visão de mundo de Jair Bolsonaro e seu núcleo ideológico. Que vive a sabotar o establishment sob a desculpa de que o último que tentou agradá-lo se encontra hoje na cadeia.
Um amigo recentemente me chamou atenção a um verso que tanto cantamos sem percebermos a lógica dele. E aqui o uso quase como paródia.
Você diz que o establishment não te entende, mas você não entende o establishment.
O sistema é cheio de vícios que privilegiam alguns e prejudicam tantos outros. Mas este mesmo sistema é resultado de séculos — talvez milênios — de acordos celebrados pela humanidade.
Não se corrige esses vícios de um mandato para o outro. Muito menos com uma canetada. É esse o tronco do reformismo.

Hoje, vivo confortável com a ideia de que muito do que acredito só terá acordo tempos após a minha morte.
Mas sou exceção. Nossa geração não quer esperar, não quer a reforma, quer a revolução.

O Passe Livre era revolucionário. O junho de 2013 também. Dilma, Lava Jato, Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho e Filipe Martins também são revolucionários.
Lula nasceu revolucionário, chegou ao poder reformista, perdeu-se no meio e saiu dele fisiológico. Quando passou a ter problemas com a Justiça, achou que cabia se agarrar novamente ao discurso revolucionário. E voltou a pregar coisas como censura — “regulação da mídia”.
Por que Dilma caiu? Porque tentou mudar o que ela nunca nem compreendeu. E isso vale para a economia, para a política e para a sociedade.

O impeachment entra nessa como um caminho legal e democrático para a sociedade se livrar de um problema grave.
Mas essa é só mais uma resposta simples para um fenômeno complexo.
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