Thread by @horacioneiva

Bons vendedores se guiam sempre pela máxima: depois que você vendeu, pare de vender. O cliente decide comprar pelos motivos do cliente, e não pelos motivos do vendedor.

Essa sucessão de grandes expectativas e poucos fatos da Vaza Jato está produzindo uma situação de overselling

Os primeiros vazamentos eram suficientemente graves para estabelecer a parcialidade do Sérgio Moro e iniciar, a partir dali, a discussão sobre sua suspeição e prováveis efeitos na Lava Jato.

Só que, depois disso, aquilo que começou como uma das mais importantes reportagens do jornalismo recente no Brasil, acabou virando quase um seriado. E, como todo seriado de sucesso, começa bem e derrapa no final.

Matérias que não trazem conteúdo relevante, que reproduzem fofocas ou opiniões particulares de pessoas que, a despeito de serem Procuradores, não atuavam em Curitiba ou não mencionaram nenhum fato concreto só contribui para esquecermos o que é realmente relevante nessa história.

A ideia de que, com essas novas reportagens, “reforça-se uma imagem” é muito abstrata, muito genérica. O grande mérito inicial da Vaza Jato foi partir para os fatos concretos, específicos e objetivos. Fazer reportagem para “passar imagem” não ajuda e nem é relevante.

O caso do Ministério é exemplar: em que medida reproduzir a preocupação de alguns procuradores com Moro assumir um cargo no governo Bolsonaro é relevante se... é um fato que Moro efetivamente aceitou esse cargo e hoje é Ministro da Justiça?

O que importa nesse caso é o *fato da aceitação* e não impressões pessoais sobre possíveis consequências dessa aceitação. Impressões pessoais sobre elas todos escrevemos aqui no Twitter. Isso não é notícia, na minha opinião.