Thread by @tantotupiassu

Bem... nós tínhamos uma casinha em Mosqueiro. Quase todo o final de semana nós íamos lá aproveitar a praia.

Era uma casa dividida pela família toda, então, vocês podem imaginar a quantidade de primo que vivia por ali.

E, quanto mais criança, maior a confusão.

Geralmente, nós, as crianças, éramos iguais gafanhotos: enquanto os adultos arrumavam a casa, as comidas na geladeira, a gente saia pelo terreno para ver as coisas todas, buscando novidade.

Belo dia, nesse processo, a gente foi vasculhar o quartinho de bagulhos...

...e encontramos um microfone.

Cara, imagina a felicidade e gritaria de umas 10 crianças ao mesmo tempo: EEEE UM MICROFONE, UAU,QUE BACANA, BORA CANTAR, BORA FAZER UM SHOW!!!

Minuto depois a gente já tinha feito um palco por cima da casa do poço...

Cara, a gente estava lá cantando Xuxa, cantando Menudos, Dominó e Angélica a plenos pulmões, todas as crianças brigando para segurar naquele microfone misterioso, aparecido sem qualquer razão no depósito da nossa casa de verão...

Até que, no auge da nossa euforia, nem percebemos que TODOS os adultos PARARAM TUDO que estavam fazendo e estavam vindo lentamente em nossa direção, meio que cercando a gente, como se fossem nos descer a porrada!!!

Quando nós nos tocamos daquilo, paramos de cantar, assustados.

Aí, os adultos - meus pais, meus tios e minhas avós - andando em nossa direção com aquela cara de quem sem pergunta “mas que merda é essa!?”, e a gente com cara de bunda sem entender nada... e o tal microfone na mão...

Minha avó foi a primeira a pular, tirar o microfone da nossa mão e perguntar:

- Onde vocês encontraram isso?
- No depósito, vó...

Aí foi a gritaria:

- BORA, TODO MUNDO PRA DENTRO SE LAVAR COM ÁLCOOL, BORA, TOMAR BANHO, BOTARAM NA BOCA???

Porra!!!

Não era microfone nada!!! ERA A DROGA DE UM PINTO DE BORRACHA QUE ALGUÉM LARGOU POR LÁ, e a gente, sem entender, sem conhecer, na inocência, confundiu com microfone...

Minhas tias já queriam levar a gente no médico, voltar para Belém e levar no Pronto-socorro, pois, se aquele pinto estivesse sujo de algo!?

Já tinha tia minha confundido minha cicatriz na testa com doença venérea...

Um horror! Um horror!

Imaginem as crianças todas sendo esfregadas, minhas primas se sentindo defloradas e meus tios preocupados que os meninos virassem gays, oh céus, porque pegaram no treco.

Ficamos vermelhos de tanta esfregação, quase em carne viva, hehehe

Os adultos ainda fizeram uma reunião com a caseira, para saber de quem era aquilo, como tinha chegado lá, mas ela jurou nem conhecer aquilo, uma teba preta com saco vermelho, que enganou benzinho a todos nós.

Não sei que fim deram, mas, depois, ninguém tocou no assunto.

Virou história de família odia em que fizemos karaokê em cima do poço com uma piroca preta de borracha, cantando música infantil, quase matando nossos pais do coração.

Fim.

Descoberto onde foi parar nosso microfone da infância