É só um breve relato de coisas estranhas que nos cercam e, por vezes, habitam silenciosas nossa vida...
...ainda mais num apartamento antigo e cheio de histórias, cheio de gente que viveu e morreu...
Tinha sido um dia normal, estressante e cheio de trabalho, como sempre, mas a noite prometia: Maria estaria aqui com Matheus, mais o Carlos, Íris e Vicente... uma rama de filho para um pai cheio de saudade, mais o amor da Livia.
Cheguei, troquei de roupa e fui dar uma organizada na casa, pois a Liv estava dando de mamar e as crianças estavam soterradas no sofá assistondo besteiras no celular.
Eu estava bem concentrado quando ouvi um psiiiiu...
Achei que fosse Maria tirando onda, mas não tinha ninguém na cozinha. Achei que fosse barulho da casa de algum vizinho, talvez barulho da rua, vindo com o vento...
Na hora me veio um arrepio imenso no corpo todo, pois não vinha de nenhum lugar, vinha dali mesmo, de casa.
Da 3ª vez foi um shiiiiii quase na minha orelha, aí corri.
Aí, pedimos um sanduíches.
Quando chegou, todos na mesa comendo, rindo, se divertindo, vários objetos começaram a estalar sem qualquer razão na estante de casa, bem do lado da mesa de jantar.
Depois do jantar, filme.
Eu na rede, com a Íris. Carlos, @darkstwt e @marteuslobos no sofá.
A casa toda escura, porque Liv tava tentando fazer Vicente dormir, e só a luz da televisão iluminando a gente.
Aí a coisa passou para outro patamar de estranheza...
E os gatos olhavam por tudo ao redor da sala, como se fossem várias coisas que não víamos...
Eu só senti que precisava dar um jeito naquilo e mandei um passa fora nos gatos e tratei de acender uma luz, não querendo aterrorizar os menores.
Acabou o filme, dei banho nos moleques, escovei os dentes e fomos dormir.
Maria e Matheus foram para o quarto dela, eu fui fazer as crianças dormirem.
Carlos foi para a cama, Íris foi para a rede comigo.
...mas ontem, parece que ele se hipnotizou pelo escuro. Ela ficou olhando para o vazio, para o teto, como se focando em algo.
E eu, perguntando, assustado: filha, o que você tá olhando? Dorme, filha, não tem nada pra você ver no teto - e passava o dedo entre os olhos dela, mas ela nem respondia, só olhava curiosa, com seus 3 aninhos.
E quando ela finalmente dormiu, quando Carlos também já dormia, finalmente eu deitei, mas a coisa não parou por aí...
Uma dor forte n9 estômago, uma azia como nunca senti antes, aí percebi uma coisa maluca:
Só consegui pensar que não podia ser, mas tinha um cheiro forte de flor no quarto.
Sentei na rede e fiquei olhando tudo, e vi que Íris dormia pesado, e quando fui ver o Carlos, na cama dele, me surpreendi com o menino acordado plena madrugada.
- Filho, que aconteceu?
- Não consegui dormir, pai.
- Você tá acordado desde que horas?
- Desde que você botou a Íris na cama.
- Mas porque, filho?
- Não sei, pai, tá estranho...
E foi só o que ele falou.
O moleque estava acordado!! ELE ESTAVA HIPER DESPERTO!! OLHOS LIGADÕES, insone desde meia noite, eram duas... mas, quando voltei, ele dormia como se eu tivesse sonhado.
Sentei novamente na rede, tentando entender aquela joça toda, desde cedo, como se fosse alguém falando com a gente, mas nada, né?
A dor foi melhorando, a casa tava adormecida, as crianças dormiam, resolvi deixar pra lá e tentar dormir também... na mesma rede de sempre, na mesma posição de sempre...
Depois, passou. O dia foi normal, a noite agora é normal, e todas as crianças se espalharam na casa da avó.
Só estamos Liv, eu e Vicente, bebezinho.
Fim.