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Infos interessantes e para serem incorporadas aos nossos debates que aprendi no curso de introdução a ecologia marxista ministrado pela prof @safbf esse final de semana, bora discutir o planeta que queremos:
A dicotomia entre ser humano e natureza não existe e é artificialmente imposta pelo capitalismo. Fazemos parte de um só sistema, a natureza opera por outra lógica (que não responde as demandas da acumulação infinita) e todos estamos submetidas a ela.
É por isso que não existe como esse debate ser marginal em qualquer debate sobre emancipação, disso depende a sobrevivência da nossa espécie.
Nós descobrimos com os nossos exemplos históricos que o socialismo pode florescer em contextos industrialmente não desenvolvidos e a necessidade de se industrializar é uma questão presente para os países de capitalismo dependente como o Brasil. Mas de qual desenvolvimento?
Uma perspectiva ecossocialista nos traz a perspectiva crítica inclusive desse processo: por quais etapas de industrialização precisamos passar? De que modo? Como tornar isso mais eficiente e reduzir seu impacto? Como a tecnologia pode nos auxiliar nesses processos?
Marx é atual e seguirá sendo porque desenvolve um método que explica a história das sociedades através dos conflitos resultantes dos processos de produção e reprodução da vida. Falar de ecologia é falar diretamente dessas questões.
A produção e o sistema capitalista na acumulação infinita pressionam a natureza interdependente dos ciclos biogeoquímicos e isso é inerente a esse modo de produção, mas o socialismo desenvolvimentista também pode desembocar no mesmo resultado: ruptura metabólica.
A ruptura metabólica é irreparável e seus efeitos para nossos ecossistemas vão muito além do tempo e espaço da produção, afetando outras gerações. É resultado do negligenciamento da preocupação com os ciclos naturais que podem se romper ou serem interrompidos.
Limites naturais existem e isso independe da nossa vontade. Olhar para essa questão é por o materialismo histórico e dialético em prática nas nossas análises. Nós já estamos em um limite.
Todas as sociedades estabelecem uma relação dialética com a natureza para garantir a reprodução social da vida, mas ela precisa ser equilibrada.
Há muitos exemplos locais de iniciativas organizativas que podem e devem trocados para que ampliemos nosso conhecimento sobre como colocar essas noções em prática. Temos urgência.
O ecossocialismo adiciona, na minha humilde visão, mais uma importante contribuição na defesa do internacionalismo socialista: o metabolismo planetário é um só.
Outra perspectiva de abundância precisa ser discutida partindo dessa noção dos limites planetários, que deve se somar a uma rediscussão de necessidades e possibilidades que a crítica ao consumo marxista já faz.
A pauta ecológica não tem como ser tratada de modo separado as necessidades imediatas da classe trabalhadora, principalmente porque afeta a todas e todos e pode ser costurada de maneira eficaz como o próprio MST e outras organizações ligadas a produção fazem.
Os trabalhadores serão afetados de acordo com a própria estrutura da pirâmide. Um bom exemplo é como vivem os trabalhadores que foram afetados pelos rompimentos de barragens, por exemplo ou os próprios povos indígenas ao lutarem pela defesa de suas terras e contra o extrativismo.
Isso no doméstico e internacional. O conceito de racismo ambiental, de Bullard, elucida isso. Existe discriminação direta a determinadas populações ou o próprio impacto desigual das mudanças climáticas e isso impacta na capacidade das populações resistirem as mudanças.
Um exemplo disso é a capacidade dos EUA resistir/se reconstruir após o Dorian x as populações caribenhas, em boa parte negra.
Transição energética não é suficiente e tampouco tempos tempo pra decrescimento a pequenos passos. Não rompe com a lógica da acumulação infinita. Precisamos de mudança na direção econômica.
A barbárie social é ecológica e a barbárie ecológica é social. Somos um só sistema e estamos mutuamente nos afetando.
A tecnologia pode e deve ser um aliado, de modo a reorientar nossas sociedades para uma produção focada na qualidade e não na quantidade, mas ela não é capaz de impedir a ruptura metabólica. Fim da obsolescência programada é central.
A perspectiva ecossocialista traz uma possibilidade de protagonismo de diferentes atores, saberes e ferramentas. O impacto muitas vezes traz essa movimentação de muitos grupos, dada a urgência.
Falar de ecossocialismo não é a reprodução de um panfleto de testemunha de jeová. Materialismo histórico é considerar a contradição, os conflitos e tangenciar os limites para entendê-los e respeitá-los não é fácil/pouco conflituoso e sem erros, acertos, enfim. Vida real né gente
Tampouco pacifista. Temos que defender as nossas soberanias, fogo no imperialismo, mas não para explorar e esgotar o planeta, mas garantir o metabolismo e a vida.
E juro pra vocês, isso é nem 1/10 do co-me-ço.
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