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Ariel Palacios @arielpalacios
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E agora, em nossa sessão “O Atacadão do Thread”, uma sequência de “Feminicídio for ultra-dummies” neste 8 de março, o #8M:
Levando em conta que vários gajos me perguntam “êta, se assassinatu di muié é feminicídio, assassinatu di hóme é ‘homEnicídio’ ?"

Bom, para atender essas inquietudes, vamos explicar no que consiste isso...
Se uma mulher é morta por um ladrão em um assalto a um banco não é “feminicídio”.... Feminicídio é o assassinato de mulheres cometidos por homens por questões de gênero
...por ódio às mulheres simplesmente porque elas são mulheres (e porque os caras acham que podem fazer o que quiserem com elas)

E por qual existe um termo tão específico?
Ora, primeiro, porque é algo que ocorre com colossal frequência, ao contrário dos assassinatos de homens realizados por mulheres e portanto, o assunto merece uma denominação específica.
Vamos dar um exemplo for ultra-dummies: o assassinato de filatelistas por questões filatélicas é baixo...
Mas, se o assassinato de filatelistas fosse enorme, aí seria necessário criar um termo para isso. Mas, não é...
No entanto, o assassinato de mulheres por seus ex-namorados, namorados, maridos, ex-maridos, etc, é elevadíssimo.

Além disso, o termo é necessáro porque o idioma precisa de rigor e existem termos adequados para os diversos casos..
Agora, uma explicação para hiper-ultra-baita-dummies...sabem o que são talheres, não é?
Dentro do Universo dos talheres existem facas, colheres, garfos, facas para peixe, facas para queijo, colheres de sopa, de chá. de café, de molhos.... ...e cada um tem um nome diferente porque possuem funções, usos em formas diferentes....
O mesmo ocorre com os homicídios,que possuem seus diversos tipos..como “Parricídio” para o assassinato de pais pelos filhos ...
Ou “Magnicídio" para o caso de chefes de Estado mortos por questões políticas.
Ou "Regicídio" se for para o caso de um chefe de Estado que seja rei ou rainha assasinado
É óbvio e fácil de entender...a não ser para aqueles que defendem que o idioma se reduza ao verbo “coisar” (ele coisou aquela coisa) ou expressões básicas como “legal” e “irado, mérmão!”
E, ao contrário do que muitos jecas alegam, o termo feminicídio não é um “neologismo” ou uma “novidade” ou um “modismo”...
...o termo feminicídio foi usado pela 1ª vez em 1976 (há 42 anos) no Tribunal sobre Crimes contra a Mulher em Bruxelas ..Isto é, o termo existe desde antes da Guerra das Malvinas, antes da explosão do Challenger, da queda do Muro de Berlim...
Convenhamos, o termo “wifi” é tremendamente mais novo...bem como “crowdfunding” ou “vídeo game”...ou “selfie”.
E, para tornar mais “for dummies” ainda,...
....é só preciso lembrar que o volume de homens assassinados por suas esposas, namoradas, ex-namoradas e vizinhas é infinitesimalmente menor... (o termo "Infinitesimal" para os hiper-mega-dummies pt.wikipedia.org/wiki/Infinites… …)
...da mesma forma que o número de homens que estupram mulheres é colossalmente maior que o de mulheres que estupram homens...
Continuando a thread...
Outra data importante, relativa ao assunto desta thread, é o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra as Mulheres, 25 de novembro.
Segundo a ONU, a cada 10 minutos em algum ponto do planeta um homem mata uma mulher que é sua esposa (ou ex) ou namorada (ou ex). Os analistas afirmam que a violência contra as mulheres é uma verdadeira pandemia.
A data tem uma origem latino-americana (e que posteriormente virou filme com Salma Hayek e o livro “A festa do bode” de Vargas Llosa): Em 1949 o ditador Rafael Trujillo, que comandava República Dominicana com mão de ferro..
...conheceu a jovem Minerva Mirabal, filha de latifundiários, que haviam criado suas filhas como mulheres independentes e cultas.
O ditador ficou obcecado por ela, mas Minerva (junto com sua família) rejeitava Trujillo.

Trujillo iniciou uma perseguição política e policial contra toda a família, ...
...especialmente Minerva e suas irmãs Patria, Maria Tereza e Adela, que haviam começado a ter ações políticas contra o ditador. As irmãs Mirabal foram presas, acusadas de conspirar contra o regime. Torturadas e estupradas, foram posteriormente liberadas.
Mas, era apenas uma manobra de distração com a opinião pública, que começou a ficar indignada com o tratamento às jovens. Tempos depois, Trujillo ordenou que elas fossem assassinadas com uma operação clássica do regime para eliminar adversários: “o acidente de estrada”.
Isto é, o carro com o opositor desgovernava-se e colidia contra algum lugar (outro formato era jogá-los ao mar em setores nos quais abundavam tubarões).
No 25 de novembro de 1960, Maria, Minerva e Maria Tereza iam em um jipe com seu motorista, quando foram detidas por homens de Trujillo, que as mataram com golpes de peixeiras.
Na sequência, colocaram os corpos dentro do veículo e empurraram o jipe com elas por um precipício
(o dia 25 de novembro, dia da morte das irmãs Mirabal – apelidadas de “As Borboletas” - transformou-se, em 1999, no “Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres”)
E agora, para os jecas que acham que “não existe violência dos homens contra mulheres”, vamos com um pouco de cultura.. Ópera & Feminicídio - "Otello", de Verdi (o estrangulamento de uma mulher por causa de um lencinho)
Filme sobre um famoso boxeador venezuelano e feminicídio, censurado pelo governo de Nicolás Maduro, disputou indicação ao Oscar. Entrada no @estudioi de setembro:
g1.globo.com/globo-news/est…
Isto é, o carro com o opositor desgovernava-se e colidia contra algum lugar (outro formato era jogá-los ao mar em setores nos quais abundavam tubarões).
No 25 de novembro de 1960, Maria, Minerva e Maria Tereza iam em um jipe com seu motorista, quando foram detidas por homens de Trujillo, que as mataram com golpes de peixeiras.
Na sequência, colocaram os corpos dentro do veículo e empurraram o jipe com elas por um precipício
(o dia 25 de novembro, dia da morte das irmãs Mirabal – apelidadas de “As Borboletas” - transformou-se, em 1999, no “Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres”).
E agora, para os jecas que acham que “não existe violência dos homens contra mulheres”, vamos com um pouco de cultura, Ópera & Feminicídio - "Otello", de Verdi (o estrangulamento de uma mulher por causa de um lencinho)
E o filme sobre um famoso boxeador venezuelano e feminicídio, censurado pelo governo de Nicolás Maduro, disputou indicação ao Oscar. Entrada no @estudioi de setembro:g1.globo.com/globo-news/est…
Para continuar com este 8 de março vamos como Schumann...
Robert Schumann? Não, Clara Schumann (1819-1896): O Noturno Op.6 No.2 das 'Soirées Musicales”:
Para continuar com este #8M, 8 de março, vamos embalar esta noite com Mendelssohn...o Félix Bartholdy? Não, sua irmã Fanny Mendelssohn: Noturno -
As marchas de protesto na Argentina começaram a ter o slogan “nem uma a menos” em 2015. O estopim para as manifestações foi o feminicídio de Chiara Páez.
Ela tinha 14 anos e foi assassinada por seu namorado, que a enterrou viva no quintal da casa de seus pais porque estava grávida.
Em 2016 as manifestações se intensificaram depois que Lucila Pérez, de 16 anos, foi estuprada
– e empalada com um pedaço de madeira - por 3 homens na cidade Mar del Plata.
Ela morreu depois de um ataque cardíaco.
O modus operandi dos feminiciadas (maridos, ex-maridos, namorados, ex-namorados, além de vizinhos, colegas de trabalho e desconhecidos) abrange armas de fogo, espancamentos e enforcamentos.
E nos últimos anos, desde que um cantor de rock matou sua mulher queimada viva houve uma onda de feminicídios desse gênero, por fogo.
O nome do protesto, o “Nem uma a menos”, vem da poetisa mexicana Susana Chávez, que dizia “nem uma a menos, nem uma morta a mais”. Ela própria foi assassinada em seu país.
Para continuar com este #8M, 8 de março, outra compositora: Ingeborg von Bronsart (1840-1913), “Die Loreley”:
Mais uma compositora para continuar com este #8M, 8 de março: Agathe Backer Grøndahl (1847-1907) - O Andante quasi allegretto (1869):
Para continuar com este #8M, 8 de março, de Cécile Chaminade (1857-1944), o Air de Ballet No. 3:
E para encerrar as atitivades tuitéricas desta conta neste #8M, de Laura Valborg Aulin (1860-1928), a Sonata para Piano em Fá menor, Op.14 "Grande Sonate sérieuse" (1885):
Sonhos profundos a todos, tal como em "Le rêve du bonheur" da pintora Constance Mayer-Lamartière (1819):
Sobre a supimpa Marie-Françoise-Constance Mayer-La Martinière: fr.wikipedia.org/wiki/Constance… e en.wikipedia.org/wiki/Constance…
Boa noite a todos. Inté.
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