Como alguns sabem, eu nasci e moro em Belo Horizonte. Passei uns 80% da minha vida aqui. Tenho um casal de filhos, um de 4 e uma menina de 2, e sempre refleti sobre a dificuldade de criar filhos rubronegros em cidade com dois rivais locais e hostis. ( segue)
Meu menino de 4 já começa a se interessar por futebol. Mas a tia, a babá, alguns colegas de escola são atleticanos. Vez por outra ele falava num tal galo doido, mas ainda bem lúdico. Eu fico chateado por não ter essa ligação sagrada de pai e filho, mas entendia pela geografia
(03) e me consolei pensando que ele teria aquela experiência constante de estádio, o que eu não tive. Vou a jogos umas dez vezes por ano, quase sempre com viagem envolvida. Mas até a adolescência só ia 2 vezes por ano, torcer a distância nunca é simples. Mas vejam o que ocorreu.
Os meninos percebem uma agitação especiais nos dias de jogos em casa. Ficam bravos que a TV deixa de passar desenho, mas assistem. Assistem e sempre o Flamengo ganha. Toda hora é gol, é gritaria. Vi a oportunidade de dar o bote. Ensinei minha caçula, de 2 anos, a falar Gabigol.
Eu falo de longe "gol do Gabigol" e ela faz a comemoração com os braços. Eu sempre digo: títulos ajudam, mas criança precisa de ídolo. Por isso que o Flamengo, mesmo quebrado e coadjuvante por 20 anos, não perdeu torcida. Romário. RG. Adriano. A figura icônica sempre estava.
Após ver o Flamengo vencer todo domingo, inclusive o Cruzeiro (time dos vilões pro meu pequeno de 4), vejo que o Arthur começou a parar de falar Galo Doido. Sorriu com os gols do Fla domingo. Hoje, chegou uma camisa pelos Correios. Arthur nas costas. (Segue a última)
Falei "Filho, o Flamengo te mandou um presente!". Ele abriu o pacote, animado. Pegou a camisa, quis vestir. Falou que era igual a dos jogadores. Está nesse instante dormindo com ela. Quem é pai sabe a sensação, estou muito realizado. Grato a esse time aos ídolos dessa geração.
