Alguns comentários sobre interessante provocação de Monica de Bolle, na revista Época, sobre texto meu e de Cesar Zucco publicado semana passada na Ilustrissima. Alguns talvez excessivamente óbvios, mas ainda assim assim necessários.
epoca.globo.com/monica-de-boll…
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A autora afirma que “como bem sabem os economistas, correlação não é causalidade” ignorando todos os demais cientistas, sociais ou não, para quem isto configura uma obviedade.
Não apenas reconhecemos que correlação não é causalidade; sabemos também que a relação entre duas variáveis em que uma delas é inquestionavelmente exógena é forte indício relação causal.
Não foi em um ensaio de duas páginas que concluímos que a instabilidade econômica causada por ciclos internacionais produz instabilidade política. Este é o resultado de uma pesquisa que analisa mais de 50 anos de dados sobre transições de governo na região.
Neste, mostramos que um cenário internacional desfavorável diminui substancialmente as chances de transições regulares (na data e segundo regras estabelecidas), seja em períodos democráticos, seja em períodos autoritários.
Há várias formas simplistas de refutar ex-ante nossa análise; uma delas é o argumento de que “cada caso é um caso”. Qualquer pesquisador social compreende que identificar padrões e regularidades não implica, de forma alguma, ignorar especificidades de cada caso.
Não implica, também, “apostar todas as fichas no quadro internacional”. Por outro lado, tentar ignorar o que há em comum entre os ciclos políticos e econômicos que a região atravessa, nos parece miopia na melhor das hipóteses.
Há um debate acadêmico interessante sobre o papel das instituições e da polarização nas crises da região. Nossos resultados sugerem que instituições e polarização não são variáveis exógenas. Elas são consequência da volatilidade estrutural, e não sua causa. Isso porque...
...Em períodos de bonança, presidentes se valem do apoio popular para se alterar regras e continuar no poder; durante crises, a oposição se aproveita da baixa popularidade do governo para tentar removê-lo de forma irregular. Em ambos os cenários há enfraquecimento institucional.
