Thread by @LucasdeAragao

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A decisão de Trump mostra que em relações exteriores a amizade, ou falta de, no topo hierárquico nem sempre muda o jogo. Pode mudar, mas nem sempre. As decisões são feitas em muitos níveis técnicos e burocráticos, com múltiplas pressões e interesses.

Por isso é importante técnicos preparados e munidos de inteligência e mapa de riscos durante todo o momento.
Bolsonaro ser amigo de Trump nem sempre resolverá a parada. Claro, Bolsonaro pode ligar para Trump e virar o jogo. Isso é um ótimo asset. Mas nem sempre será assim.

E nem sempre isso é negativo. Por exemplo, muitos investidores me perguntam se a má relação entre A. Fernandez e Bolsonaro atrapalhará a relação comercial Brasil - Argentina. Acredito que não. Por mais que não haja amizade no primeiro escalão...

... a diplomacia comercial e a relação entre setores continuará inalterada e sem mudanças sérias entre os Países. Claro, quando há ruptura total, como Venezuela, o caso é outro.

Mas no caso BR-ARG a inimizade deve se restringir a alguns tweets de cada lado, quebras de liturgia, cutucadas, e etc. No dia a dia comercial, a burocracia de ambos os Países continuará funcionando pois é de interesse tanto do Brasil quanto da Argentina.

A lição de tudo isso é: money talks. Amizades e inimizades geram oportunidades e riscos, mas na realidade cada um defende o seu, luta pelo seu lado, olha para a sua balança e sofre - e reage - às pressões que sofre.

A diplomacia, principalmente a comercial, é pragmática simplesmente pq as relações comerciais são. Na hora H a pressão interna - dos seus eleitores, empresários, setores, associações, mercado e consumidores - é que molda o processo de tomada de decisão.