De joelhos, dezenas de jovens aceitavam Jesus Cristo numa Assembleia de Deus de Tarauacá, no Acre. Era uma espécie de mutirão da conversão. A decisão de buscar uma nova vida, porém, não era espontânea – mas uma imposição de uma facção criminosa para que continuassem vivos. 👇 
No Acre, o grande inimigo do Comando Vermelho (CV) é a facção local Bonde dos 13 (B13), que é aliada da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) e dominava Tarauacá. No dia 25 de novembro, o CV enviou o recado para os “soldados” da facção rival para que se rendessem.
Como é comum entre essas facções, o ultimato só previa duas formas de sair vivo: render-se e passar a ser um “soldado” da facção invasora ou se arrepender de todos os pecados, aceitar Jesus e frequentar uma igreja evangélica.
As igrejas protestantes são a única instituição respeitada pelos traficantes. Ser membro de uma delas é o salvo-conduto para deixar de ser um soldado de facção e não morrer. Quem deserta ou vai para o grupo rival tem um fim trágico: é torturado até a morte, tendo a cabeça cortada
Diante do aviso do Comando Vermelho, dezenas de jovens de Tarauacá que mantinham alguma relação – seja de atuação criminosa, colaboração ou apenas de simpatia – com a facção B13 correram para o templo evangélico em busca da salvação – em seu sentido mais literal.
Mas é preciso provar lealdade. Quem escolheu Jesus tem que gravar o depoimento ao lado de um pastor. Já quem saiu de um lado para o outro precisa dizer que está deixando a facção rival (e de preferência falar um pouco mal dela), declarando estar à disposição do grupo invasor.
A piauí conta como, da noite para o dia, uma cidade do Acre se converteu na fé ou na marra aos mandos e desmandos do Comando Vermelho. Reportagem de @fabiospontes
piaui.folha.uol.com.br/conversao-na-f…
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